Mercado exagerou ao cortar estimativas para a Vale, aponta BTG

É verdade que o minério de ferro tem sido visto pelo mercado, há décadas, como um tipo de investimento totalmente baseado no desempenho econômico da China. Apesar disso, avalia o BTG Pactual, o mercado parece ter errado a mão ao precificar um cenário muito ruim para o gigante asiático e, consequentemente, as ações da Vale (VALE3).

“Temos dificuldade em compreender totalmente o nível de redução da classificação do setor, mesmo em meio a cenários muito pessimistas para 2022”, explicam os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner.

Nos cálculos deles, os papéis da Vale já descontam o minério de ferro perto do nível de US$ 70 a tonelada, uma queda significativa dos preços à vista. Nesta terça-feira (23), por exemplo, a commodity subiu quase 10% e foi negociada a US$ 91,96 na Bolsa de Dalian.

Além disso, as ações do setor siderúrgico já embutem um colapso de 65% a 80% no EBITDA de 2022, o que só seria possível se os preços do aço voltassem à média de 10 anos.

“Em nossa opinião, os investidores já estão vendendo fortemente as ações de materiais básicos da América Latina, o que pode ser perigoso dada a extensão dos danos já apreçados e o potencial para o sentimento macro em torno da China se estabilizar em breve”, avaliam.

Correa e Greiner afirmam que os participantes do mercado parecem ter “matado” o minério de ferro nos últimos meses, com vários dizendo que a chamada estrutural (e cíclica) acabou.

“Lembramos quando alguns observadores mataram petróleo há algum tempo, com uma percepção semelhante de um choque de demanda no centro das preocupações naquela época. Nós argumentaríamos que essas mudanças estruturais normalmente levam tempo para se materializar e esperaríamos que a China administrasse a desaceleração econômica razoavelmente bem e evitasse um colapso de seu importantíssimo setor imobiliário”, explicam.

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Eles também argumentam que as coisas já estão tão negativas que é difícil imaginar muita deterioração daqui. O BTG tem recomendação de compra às ADRs da Vale (VALE) negociadas em Nova York. O preço-alvo é de US$ 22, o que corresponde a um potencial de valorização de aproximadamente de quase 80% ante o preço negociado agora (11h).