Mercado disciplina rigor fiscal e vê chance de Haddad encampar reforma tributária com Appy, prevê Citi
O mercado financeiro ainda tenta engolir a escolha de Fernando Haddad no comando do Ministério da Fazenda a partir de 2023. Mas são os nomes da equipe econômica do futuro ministro que serão decisivos para conquistar a confiança dos investidores.
Para o economista-chefe do Citi Brasil, Leonardo Porto, Haddad pode encampar a reforma tributária, conforme destacou recentemente durante evento na Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). Ao lado do futuro ministro, estaria Bernard Appy.
“Ele é um estudioso no tema; em uma boa reforma tributária”, comentou Porto em evento para jornalistas, referindo-se ao economista que vem sendo citado na imprensa. Appy é mentor de uma das propostas de reforma tributária em tramitação no Congresso e foi secretário na Fazenda durante o governo Lula.
O Money Times participou do Citi Press Summit a convite. As palavras de Porto ecoam a avaliação do Julius Baer, de que a nomeação da equipe econômica de Haddad pode provocar um momentum positivo; e também do CEO do BR Partners, Ricardo Lacerda. Para ele, o ex-prefeito de São Paulo na Fazenda “não é ruim”.
Mercado disciplina fiscal
Segundo Porto, do Citi Brasil, a reforma tributária defendida pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva pode ter aumento de impostos no médio e longo prazos. Entre eles, a taxação de herança e de dividendos, já citada por Haddad.
Em contrapartida, Lula também poderia cortar isenções de impostos a alguns setores. Porém, o economista do Citi lembra que tudo isso tem um custo político.
Ainda assim, para ele, o mercado financeiro será o fiel da balança nesse processo. “O mercado disciplina a responsabilidade fiscal”, afirma Porto.
Ele cita como exemplo recente a situação dos gastos no Reino Unido, onde a tentativa de um pacote radical culminou na queda da ex-primeira-ministra Liz Truss cerca de um mês depois de assumir o cargo.