Mercado de trabalho forte nos EUA deixa Fed em uma encruzilhada; entenda
Os dados sólidos do mercado de trabalho nos Estados Unidos ao final do primeiro trimestre deste ano deixam o Federal Reserve em uma situação desconfortável para a próxima reunião, em maio. Afinal, ao mesmo tempo em que os números do payroll em março sugerem uma desaceleração na criação de vagas, o ritmo de geração de emprego nos EUA continua saudável.
“Apesar do enfraquecimento na leitura mensal dos dados de emprego, o crescimento do mercado de trabalho ainda não entrou em colapso, embora haja sinais visíveis de moderação contínua”, disse Kathy Bostjancic, economista-chefe da Nationwide, citado pela Reuters.
Emprego x inflação
Ainda assim, o payroll trouxe um possível sinal de alívio na inflação. Isso porque o ritmo de crescimento salarial desacelerou a 4,2% em março, em base anual, de +4,6% no mesmo tipo de confronto do mês anterior.
Portanto, há uma continuidade da tendência de desaceleração dos rendimentos médios reais, o que sugere menor pressão inflacionária. “E isso é um dos indicadores mais importantes para o Fed”, observa o CIO da TAG Investimentos, Dan Kawa.
Para ele, os números divulgados em plena Sexta-feira Santa (7) não alteram o cenário de curto prazo para a política monetária dos EUA. No entanto, os dados de inflação nos EUA previstos para a semana que vem merecem atenção.
Fed e os juros
Por ora, os mercados estão divididos entre mais uma alta de juros de 0,25 ponto porcentual (pp) ou manutenção no nível atual, de até 5%. “Não há espaço, neste momento, para argumentos a favor de cortes de juros ainda este ano”, ressalta Kawa.
Já Bostjancic, da Nationwide, ainda apoia um novo aumento dos juros em maio. “Mas pode ser o último do ciclo de aperto, seguido por uma longa pausa”.
No então, o CIO da TAG avalia que o impacto da crise bancária nas condições financeiras e de crédito serão determinantes para determinar o fim (ou não) do ciclo de alta de juros. O mesmo vale para o nível terminal da taxa de juros a ser adotada pelo Fed.
“De qualquer maneira, o fim do ciclo de alta está muito próximo e o mundo deve conviver com juros mais altos, por mais tempo”, conclui.