Mercado de Trabalho 2023: Taxa de desemprego, salários e o que esperar do Governo Lula
O ano de 2023 gera grandes expectativas, visto que, com a mudança de Governo, são esperadas significativas mudanças em diversos setores, dentre eles, o mercado de trabalho.
Apesar de 2022 ter sido marcado por uma recuperação e queda da taxa de desemprego, a expectativa é de que esta tendência mude no próximo ano, ainda com recuperação de aspectos relacionados à pandemia de covid-19 e desafios que impactam o setor.
Para Lucas Assis, economista da Tendências, para o próximo ano alguns dos aspectos esperados para o mercado de trabalho são um menor crescimento da população ocupada, reajuste real do salário mínimo e recuperação de setores significativamente afetados pela pandemia.
Taxa de desemprego
Em 2022, o Brasil viu o menor nível de desempregados desde julho de 2015. A taxa de desemprego no país ficou em 8,3% no trimestre encerrado em outubro de 2022.
O resultado ficou abaixo do verificado no trimestre móvel anterior (encerrado em julho, de 9,1%) e também abaixo do resultado do mesmo período de 2021 (12,1%), segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Desta maneira, o mercado de trabalho manteve a queda do desemprego observada desde o período de maio a junho de 2021.
Apesar disso, Assis avalia que, para 2023, deve ocorrer uma ligeira elevação da população desocupada e uma desaceleração no crescimento dos ocupados na margem. Isso devido ao arrefecimento da atividade econômica até o fim do próximo ano, impactos da política monetária doméstica e o esgotamento do impulso gerado pela normalização das atividades presenciais.
“Ou seja, a taxa de desemprego deve apresentar uma ligeira alta na margem ao longo do próximo ano, por conta desses efeitos defasados da atividade econômica”, explica.
Renda
Com relação à renda, Lucas Assis explica que existe uma estimativa de que o Brasil apresente um reajuste real do salário mínimo, depois de três anos, entre 2020 e 2022, sem reajuste acima da inflação.
“Para 2022 a gente estima um crescimento real, de até 2%, o que neste cenário favorável de queda da inflação, esse salário ampliado deve aumentar o poder de barganha dos trabalhadores nas negociações salariais e impulsionar o crescimento do rendimento médio e, consequentemente, da massa de renda do país no próximo ano”, diz.
Os desafios do mercado de trabalho
Assis aponta que os maiores desafios do mercado de trabalho estão atrelados a grupos sociais de maior vulnerabilidade econômica, como jovens, pessoas pretas, mulheres, pessoas de menor escolaridade e residentes da região norte e nordeste.
“Estes trabalhadores ainda devem enfrentar indicadores do mercado de trabalho relativamente piores, então uma taxa de desocupação ainda elevada e dificuldade de reposição da renda diante da geração de empregos de baixa qualidade.”, avalia.
Dessa forma, apesar da recuperação geral do mercado de trabalho, ainda deve apresentar desigualdades e heterogeneidades entre os grupos de população ocupada no próximo ano.
Assim aponta ainda que, o impacto da pandemia, com o prejuízo às atividades geradoras de emprego atreladas à interação social, fez com que setores que atuam presencialmente fossem significativamente afetados. Em 2021, foi observado que o crescimento da população ocupada se deu majoritariamente via informalidade, o que mudou em 2022, com a retomada destes setores.
Dessa forma, a expectativa é de que estes setores continuem se recuperando em 2023 e, consequentemente, impulsionem a formalização.
O que esperar do Governo Lula para o mercado de trabalho
Apesar de apontar que a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva já havia sido considerada na análise das perspectivas do mercado de trabalho em 2023, Assis explica que as decisões tomadas pelo Governo até o momento ainda são recentes para dizer se irão impactar significativamente o mercado de trabalho.
“O que a gente pode dizer de modo geral é que para o próximo ano existe essa expectativa tanto de um menor crescimento da ocupação e menor velocidade ao verificado em 2021 e 2022 e esse reajuste real do salário mínimo ampliando a massa de renda”, diz.
O economista destaca ainda que é possível que a intensidade destes fenômenos seja ajustada ao longo dos meses, mas que, de modo geral, estas são as perspectivas para o mercado de trabalho em 2023.