Mercado de títulos do Tesouro dos EUA sinaliza mais ações do Federal reserve
A curva dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos sinaliza expectativas crescentes de que o Federal Reserve deve injetar mais estímulo antes do fim do ano, com maior foco de suas compras de títulos em vencimentos de longo prazo.
A piora da pandemia e a redução das expectativas de suporte fiscal extra significativo mudaram o rumo do maior mercado de títulos do mundo neste mês.
Em vez de se prepararem para uma ruptura decorrente de uma forte inclinação da curva pós-eleição, traders agora antecipam uma curva mais achatada.
Os dados decepcionantes das vendas no varejo dos EUA na terça-feira reforçaram especulações de que o impacto econômico causado pelo coronavírus deve levar o Fed a agir já no mês que vem, segundo traders.
E a sensação é de que a curva pode continuar se achatando se o mercado solidificar essa visão ou se autoridades monetárias começarem a indicar apoio para tal mudança.
Autoridades do Fed, que se comprometeram em manter os juros perto de zero em um futuro próximo, abriram a porta para uma possível mudança nas compras de títulos na última reunião em novembro.
Mas os recentes dados que destacam o impacto da pandemia sobre consumidores e a ausência de estímulo fiscal adicional aumentam a probabilidade de o banco central intervir, dizem operadores.
O Fed atualmente distribui seus cerca de US$ 80 bilhões em compras mensais de títulos do Tesouro em uma faixa de vencimentos sem foco em um setor específico.
“O movimento no mercado se deve, em parte, a algumas expectativas de ação do Fed”, disse o gestor Thomas Graff, da Brown Advisory, que administra cerca de US$ 100 bilhões. “Não há grande razão para a curva fazer exatamente o que está fazendo – exceto pelo fato de que os casos de Covid estão subindo, dados ruins de vendas no varejo e talvez o Fed mudando seu mix de ativos para comprar títulos de prazos mais longos em dezembro. A curva deve continuar se achatando se obtivermos mais comunicação oficial de que o Fed favorece essa mudança.”
É verdade que a curva dos títulos do Tesouro ainda está relativamente inclinada em comparação com os últimos meses.
Um segmento, de rendimentos entre 5 e 30 anos, não está muito abaixo de seus níveis mais inclinados desde 2016. Mas o movimento mais recente parece refletir uma menor expectativa de que a eleição presidencial dos EUA abriria caminho para uma aposta de grande reflação que resultasse em uma inclinação significativa.
Na segunda-feira, o JPMorgan Chase se uniu a um número crescente de empresas que agora esperam que o banco central estenda o vencimento das compras de títulos no próximo mês. A próxima decisão de política monetária está marcada para 16 de dezembro.
O aumento de casos de coronavírus pode até levar o Comitê Federal de Mercado Aberto a mudar a política antes de sua próxima reunião, de acordo com estrategistas do Standard Chartered.
Se isso acontecer, poderia aumentar as compras mensais de títulos do Tesouro em cerca de 50%, para US$ 120 bilhões, disseram.