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Com atraso no plantio, mercado de milho e soja voltam atenções para América do Sul; o que mexe com preços?

07 out 2024, 12:45 - atualizado em 07 out 2024, 12:59
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Com previsão de oferta elevada de milho e soja nos EUA, agentes acompanham de perto desenvolvimento da safra no Brasil e Argentina (iStock.com/Alfribeiro)

Os preços do milho e da soja (Paranaguá) recuaram cerca de 22% desde 2022, segundo o indicador Esalq/BM&FBovespa. Com isso, a saca de milho no Brasil saiu de R$ 84,14 para R$ 65,52, enquanto a soja foi de R$ 180,50 para R$ 140,63 (até 2 de outubro).

A queda dos grãos, ao lado das quebras de safras por quebras climáticas, é o principal fator de preocupação do agro brasileiro, que já vê importantes empresas, como é o caso da AgroGalaxy (AGXY3), entrar com pedido de recuperação judicial.

De acordo com Luiz Fernando Gutierrez, analista da Safras & Mercado, o mercado de soja segue firme no Brasil devido ao clima desfavorável ao avanço do plantio na América do Sul em setembro, que resultou em atrasos no Brasil. Além disso, a forte demanda por exportação e por esmagamento, em um ambiente menor oferta para os últimos meses do ano, traz firmeza para os prêmios.

“Devemos ver mais alguns dias de atraso pela demora na chegada das chuvas ao Centro-Oeste e Sudeste. Com isso, o mercado passa por um momento relativamente positivo, principalmente com relação ao mercado disponível, a safra atual que ainda está disponível para venda”, vê.

Preços da soja devem ceder em 2025

Para a nova safra (2024/2025), embora o mercado tenha visto algum movimento positivo, o cenário é negativo olhando para o futuro. “Se o clima melhorar no último trimestre, podemos ter uma colheita recorde no Brasil. Se isso acontecer, os preços devem ceder lá na frente durante a colheita (janeiro a abril). Tudo isso vai depender do clima na América do Sul”, discorre.

Sendo assim, para 2025, o ambiente é mais negativo em termos de preço, principalmente para o primeiro semestre, cenário que pode mudar caso ocorra um algum problema produtivo na América do Sul (o que ainda não é uma realidade).

“Nesse momento, não há problemas, apenas especulações sobre atraso no plantio, com talvez uma área menor por conta desse atraso e uma possível menor produtividade pelo clima ruim”.

EUA pressiona mercado de milho

Segundo Raphael Bulascoschi, analista de inteligência de mercado da StoneX, os preços do milho no mercado internacional seguem bem pressionados, principalmente pela safra dos Estados Unidos.

“Os norte-americanos devem colher uma das maiores safras de sua história, com o clima muito favorável ao longo do desenvolvimento da cultura e uma produtividade recorde. Isso acabou fazendo um pouco de pressão negativa sobre os preços, abaixo de US$ 400 por bushel lá em Chicago”, diz.

No entanto, Bulascoschi explica que há uma mudança do foco do mercado, que passa a acompanhar de perto o desenvolvimento da safra na América Latina, em especial ao Brasil e Argentina, dois dos principais exportadores globais.

“A grande preocupação fica para eventuais atrasos que podem acontecer pelo adiamento do plantio no centro-oeste, já que se o clima se manter seco, pode ocorrer um atraso no ciclo da soja, o que resultaria em um atraso do plantio do milho 2ª safra. Ainda assim, o plantio do milho 1ª safra segue normalizado, uma vez que o clima no Sul do Brasil está mais favorável. Observando tudo isso, os agentes especulativos, que estavam profundamente vendidos em Chicago, acabam realizando uma cobertura de posições também, o que acaba auxiliando uma subida nos preços”.

Fed e China estimulam demanda; Argentina pesa sobre preços

O analista da StoneX comenta que o corte de juros do Fed e o pacote de estímulos econômicos da China criaram um certo otimismo no mercado do ponto de vista da demanda.

“Fora isso, a Argentina deve produzir menos milho nesse ciclo, pelos problemas como a infestação de cigarrinhas nas lavouras, com uma menor oferta vindo do nosso país vizinho”.

No mercado nacional, o preços do milho também seguem pressionados, ainda que mais resistentes às quedas de Chicago por um atraso na comercialização, ainda que não muito descolados de Chicago.

“Nos próximos meses, o foco agora será 100% na América do Sul, já que é difícil esperar algo novo vindo da safra norte-americana. Nos preços internos, também vimos um espaço maior para alta pela desvalorização do real frente ao dólar”, aponta.

Na manhã desta segunda (7), por volta de 12h28, os preços do milho dezembro em Chicago avançavam 0,29%, em US$ 4,26. Enquanto isso, a soja novembro recuava 0,19%, em US$ 10,35.

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