AgroTimes

Mercado de capitais se torna aliado do agronegócio

20 jan 2023, 14:52 - atualizado em 20 jan 2023, 14:52
Agronegócio
Os produtores têm sofrido com a alta dos insumos agrícolas, em especial dos fertilizantes e defensivos (Imagem: REUTERS/Thomas Peter)

A desintermediação financeira nunca se fez tão presente no agronegócio brasileiro e veio em um bom momento.

O setor vive um cenário desafiador, principalmente em razão das adversidades climáticas e geopolíticas, o que implicou em queda de margens e consequente aumento da demanda por capital.

E, apesar de a necessidade de recursos ter crescido, as linhas tradicionais de crédito não foram ampliadas na mesma proporção.

Neste ponto, o mercado de capitais tem se mostrado um aliado do agronegócio.

Dados do mais recente Boletim Mensal da B3 (B3SA3), demonstram que entre janeiro e novembro do ano passado, o número de pessoas físicas que passaram a investir em Fiagros (Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais) cresceu 417,3%, o que representa um salto de 30,7 mil para 158,8 mil. Ao todo, os individuais correspondem a mais de 92% do total de investidores, o que evidencia o seu interesse pelo produto.

Ainda é pouco, mas sinaliza que a desintermediação como forma de captar recursos veio para ficar e esta será uma das grandes tendências para o segmento em 2023.

Estimativa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) aponta para um cenário de estabilidade a um crescimento de até 2,5% do PIB do agronegócio em 2023. Pode parecer pouco, mas muito positiva em comparação com 2022, quando houve queda em torno de 4%.

Os produtores têm sofrido com a alta dos insumos agrícolas, em especial dos fertilizantes e defensivos.

O conflito bélico entre a Rússia e Ucrânia promoveu elevação nos preços internacionais e este cenário, aliado aos problemas logísticos, encareceram o produto no mercado nacional, principalmente no segundo trimestre de 2022.

Para se ter uma ideia, a CNA apurou que o preço médio de janeiro a setembro de 2022, da Ureia, do MAP (fosfato monoamônico) e do KCL (cloreto de potássio) foram 94%, 71% e 125% mais altos, respectivamente, em comparação ao mesmo período de 2021, em valores nominais.

Além disso, o setor também foi impactado pela alta dos combustíveis, que afetou a colheita e o plantio.

Nos nove primeiros meses. Segundo os dados da confederação, na média, o COE (Custo Operacional Efetivo) da produção de soja aumentou 34,6% na safra 2021/22 em relação à 2020/21, em termos nominais. Por outro lado, a Receita Bruta (RB) registrou diminuição de 8,3% em 2021/22 frente à temporada anterior, com pressão da produtividade.

Do lado da pecuária, pesam os aumentos dos custos da mão de obra, da ração e da energia. O preço de ração na pecuária de corte e leite, por exemplo, cresceu 11% na média de janeiro/setembro em relação a igual período de 2021, principalmente pela alta do sal mineral (50%).

A CNA destaca que, considerando um período maior, desde o início da pandemia (mar/20), o setor vivencia uma alta acumulada até setembro de 96% no preço da ração.

Trata-se de um cenário preocupante, de menor margem para o produtor, em que os investimentos em produtividade e o aprimoramento da gestão financeira serão ainda mais relevantes. Mas o momento também demanda uma maior atenção do gestor na escolha dos ativos.

Vale lembrar que o risco do investimento está relacionado ao crédito dos emissores das dívidas que são compradas pelo fundo e pode ser minimizado através de uma política austera de pulverização.

Neste sentido, gestores com capacidade de identificar boas oportunidades de negócio com uma interessante relação risco-retorno e que atuam de maneira nichada, sairão na frente.

O momento que vivenciamos hoje traz grandes oportunidades para fundos de crédito estruturado, principalmente os Fiagros, cujo marco regulatório será consolidado este ano e deve permitir que o produto seja explorado em todo o seu potencial, refletindo as diferentes realidades do agronegócio.

Sócio e gestor da MAV Capital
Formado em Administração de Empresas pela Universidade de São Paulo, André Ito tem mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro. Além de sócio responsável pelo time de Structured Finance e DCM na XP Investimentos ele também atuou em Investment Banking no BTG Pactual e como superintendente comercial dos bancos Pine e Pan. Além disso foi sócio responsável pelo Corporate Desk do Banco BBM.
andre.ito@moneytimes.com.br
Linkedin Site
Formado em Administração de Empresas pela Universidade de São Paulo, André Ito tem mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro. Além de sócio responsável pelo time de Structured Finance e DCM na XP Investimentos ele também atuou em Investment Banking no BTG Pactual e como superintendente comercial dos bancos Pine e Pan. Além disso foi sócio responsável pelo Corporate Desk do Banco BBM.
Linkedin Site
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar