Mercado cripto perde apelo com saída de grandes corretoras
Primeiro, os credores de criptomoedas implodiram, depois veio o colapso da segunda maior bolsa de ativos digitais.
Em seguida, bancos médios que emprestavam para o setor quebraram. Agora, grandes corretoras estão em retirada.
Com Jane Street, Jump Trading e outras casas de renome abandonando operações com criptomoedas nos EUA, em meio a um aperto regulatório no país, o mercado está rapidamente se tornando menos líquido e menos atraente para investidores institucionais.
Isso deixa o novo cenário de negociações de ativos digitais muito parecido com como era em um passado não muito distante: mais alternativo, mais fragmentado, mais arriscado.
As grandes corretoras “trouxeram seriedade e legitimidade para um setor que estava às margens, e fizeram com que parecesse mais convencional, mais seguro”, disse Michael Safai, co-fundador da Dexterity Capital, especializada em negociações com criptomoedas de alta frequência.
Entre as empresas que tentam preencher a lacuna, “há um monte de outras casas como nós, que são pequenas e de quem você provavelmente nunca ouviu falar”.
A saída das principais formadoras de mercado, que ajudam a dar estabilidade às negociações, provavelmente afastará investidores preocupados com mais risco de oscilações bruscas de preços, de acordo com Noelle Acheson, ex-chefe de insights de mercado da Genesis Global Trading e autora do boletim informativo Crypto Is Macro Now.
Isso pode levar a um círculo vicioso, em que a falta de formadoras de mercado diminua a demanda, e a demanda fraca impeça que formadoras de mercado voltem, disse ela.
“Comparado a um ano atrás, é um mercado muito diferente agora”, disse Acheson. “A maturidade do mercado é muito influenciada pela liquidez do mercado, pela diversidade de ofertas, pela diversidade de provedores de serviços — e, em todas essas frentes, o mercado cripto deu alguns passos para trás.”
As saídas da Jane Street e da Jump Trading do mercado cripto já impactou a liquidez e a estabilidade de preços. O volume de negociação de Bitcoin caiu para cerca de US$ 4 bilhões por dia em média na semana passada, ante US$ 20 bilhões em março, segundo dados da Coin Metrics.
Na Binance.US, os preços do Bitcoin no início de maio chegaram a ser negociados mais de US$ 600 acima do preço de consenso em outras plataformas de negociação.
As formadoras de mercado normalmente lucram com arbitragem de preços, e sua atuação tende a fazer com que o mercado fique mais conectado, com menos discrepância entre as cotações, e evitam que negociações isoladas pesem de forma desproporcional na direção do mercado. Elas também atraem mais investidores.
A liquidez do Bitcoin nas bolsas americanas caiu 50% desde o início do ano, de acordo com a provedora de dados Kaiko.