O número mágico: Mercado coloca no preço Selic menor que as projeções dos analistas após Copom

A indicação do Banco Central de que vai reduzir o ritmo de alta da Selic na próxima reunião consolidou as apostas de quando — e em que patamar — a taxa básica de juros vai parar de subir.
O tal “número mágico” da Selic ao fim do ciclo de aperto está agora ao redor de 15% ao ano, de acordo com as taxas dos contratos de juros futuros (DIs) negociados na B3. Ou seja, esse é o cenário no qual os investidores estão colocando dinheiro hoje.
De modo geral, as expectativas estão alinhadas, mas o mercado está um pouco mais otimista que os analistas quanto à trajetória dos juros.
Economistas de bancos como o BTG Pactual, Itaú BBA, JP Morgan e UBS BB projetam a chamada Selic terminal um pouco mais alta, em 15,25% ao ano.
“Qualquer aumento menor que esses parece muito moderado, dados os modelos de inflação”, escreveram os economistas do UBS BB.
É importante destacar que é relativamente comum as projeções dos analistas divergirem do que o mercado faz “na prática”.
Em dezembro, por exemplo, os investidores chegaram a colocar no preço uma Selic acima dos 16% no auge da turbulência dos mercados.
Mas a redução do ruído fiscal e o maior conforto dos investidores com a condução da política monetária na gestão de Gabriel Galípolo levaram os investidores a reduzir as apostas.
Aliás, o fato de o mercado de juros futuros operar praticamente sem “gordura” é um sinal de que os investidores ligaram o “modo risco”.
Selic: meio ponto em maio é consenso
Seja como for, formou-se praticamente um consenso sobre a próxima decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). A expectativa, tanto dos analistas como das apostas que se refletem nas taxas dos juros futuros, apontam para uma alta de meio ponto percentual.
Dessa forma, a Selic deve subir de 14,25% para 14,75% ao ano em maio, caso as projeções se confirmem.
A divergência fica por conta da reunião seguinte, que acontece nos dias 17 e 18 de junho. Enquanto os analistas esperam mais uma alta de meio ponto percentual, o mercado coloca no preço um aumento de apenas 0,25 ponto percentual para dar fim ao ciclo de aperto monetário.
Há ainda quem acredite na manutenção dos juros já a partir da reunião de junho, com a Selic terminal em 14,75% ao ano. Mas essas ainda são apostas incipientes.
O fiel da balança, portanto, deve ser a ata da reunião de ontem do Copom, que sai na próxima terça-feira (25).