Mercado aposta em ‘3º turno’? Saiba como contestação afetaria o Ibovespa
Agentes do mercado estão um pouco céticos em relação a um potencial “terceiro turno” das eleições para a presidência da República – como analistas passaram a chamar uma eventual contestação do resultado.
Desde o fim do primeiro turno, as pesquisas eleitorais têm sinalizado uma disputa mais acirrada do que o inicialmente esperado entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual mandatário, Jair Bolsonaro (PL).
Com isso, a incerteza toma conta do Ibovespa, que caminha para fechar o último pregão antes do segundo turno no domingo (30) em queda – acumulando desvalorização de mais de 4% na semana.
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Vai ter contestação?
A ideia de que Bolsonaro pode contestar os resultados das urnas caso Lula seja eleito foi reiterada, com recuos, ao longo do pleito.
A tese voltou com a campanha de Bolsonaro acusando, sem provas, irregularidades na veiculação das inserções de rádio.
A denúncia foi rejeitada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o candidato que tenta a reeleição disse que irá até as “últimas consequências, dentro da Constituição”, contra as supostas irregularidades.
Camila Abdelmalack, economista-chefe na Veedha Investimentos, ressalta que, apesar da queda acumulada na semana, caso o mercado entendesse como probabilidade maior de contestação da vitória do Lula, a Bolsa estaria “caindo muito mais”.
“Hoje, a aposta majoritária não é de contestação”, reforça, apesar de não descartar o cenário.
Felipe Simões, economista e diretor da WIT Asset, avalia que existem chances maiores de contestação caso a diferença entre Lula e Bolsonaro no segundo turno se mostre pequena.
“Se [a diferença] for pequena, Bolsonaro e equipe vão fazer algo mais decisivo em relação a reverter [o resultado]”, comenta o especialista.
Reação do Ibovespa
Em caso de vitória de Lula com contestação, os agentes do mercado ouvidos pelo Money Times acreditam que a reação do Ibovespa será negativa. O cenário de incerteza se estenderia, destacam.
“O mercado vai reagir mal com contestação porque não gosta de incerteza, ainda mais incerteza política”, explica Abdelmalack.
Para o economista da WIT Asset, o cenário em que Lula é eleito e existe contestação por parte de Bolsonaro é o pior para a Bolsa brasileira.
Esse cenário assustaria os investidores estrangeiros, que tirariam dinheiro do mercado até entender o que irá acontecer mais pela frente, acrescenta Simões.
Sergio Gaspar, CEO da Autem Investimentos, destaca que grande parte do mercado de ações brasileiro é composta por gringos, que “estão atribuindo a vitória do Lula, independentemente da contestação”.
Gaspar ressalta que, apesar das poucas chances de privatização de empresas dentro de um eventual governo Lula, as ações brasileiras, no geral, “continuam fortes e estão baratas” – o que dá espaço para a tese de que o Ibovespa teria espaço para subir, diz.
O especialista lembra, no entanto, que o movimento atual do mercado também reflete a situação econômica global, com investidores de olho nos próximos passos do banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed).
O peso do fator externo parece ser ainda maior do que as eleições, avalia. “O que o mercado está esperando é mais o aperto econômico nos EUA do que a eleição”, afirma.
Matéria elaborada e escrita por Diana Cheng e Kaype Abreu
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