Mensagem ‘amarga’ do chefão do Fed e payroll são destaques da semana nos EUA; saiba o que esperar
Falas de Jerome Powell e payroll farão uma semana que promete ser decisiva para as bolsas dos EUA. Nesta segunda-feira (6) de ‘calmaria antes da tempestade’, os índices acionários em Nova York operam em alta, em meio ao recuo das Treasuries. Às 13h45, o Dow Jones operava em alta de 0,35%, o S&P 500 subia 0,65% e o Nasdaq avançava 0,98%.
Falas do ‘chefão’ do Federal Reserve e dados sobre o mercado de trabalho norte-americano atrairão a atenção dos mercados, à proporção que temores sobre a inflação e novos aumentos de juros permanecem como fatores de trava para o desempenho dos ativos de risco.
Os eventos da semana devem, inclusive, preparar o terreno, junto à divulgação do índice de inflação do mês de fevereiro na semana que vem, para a decisão monetária do Fed marcada para os dias 21 e 22 de março.
O cenário base dos mercados trabalha com um aumento de 0,25 ponto-percentual (pp.) para a reunião do mês, ainda que um aumento mais ‘drástico’, de 0,50 pp. não possa ser inteiramente descartado (as chances estão em torno de 25%).
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Powell e payroll vem aí e Wall Street não está preparada
Arauto de más notícias? Powell vai ao Capitólio para defender mais juros
O presidente do BC tem audiência marcada no Congresso americano nesta terça e quarta-feira. É esperado que Powell faça coro a outras autoridades do Fed ao sugerir que os juros vão subir mais do que haviam antecipado há apenas algumas semanas, caso os dados econômicos continuem fortes.
Nos bastidores do mercado, já não é mais tão difícil encontrar quem acredite que o Fed elevará a taxa básica além da projeção dos 5,1% colocada na projeção de dezembro.
Mas para além da questão econômica, advogar por novos aumentos de juros deverá ser uma tarefa de grandes implicações políticas. A ala mais progressista do partido democrata tem alertado para o impacto dos juros no mercado de trabalho, um ponto positivo para o presidente dos EUA, Joe Biden, enquanto se prepara para uma difícil campanha à reeleição em 2024.
Mercado de trabalho virou ‘bode na sala’ do Fed; o que esperar dos dados de fevereiro?
O payroll de janeiro deixou uma gosto amargo difícil de amenizar. O dado divulgado no início de fevereiro anunciou a criação de 517 mil vagas no mês imediatamente anterior, trouxe uma revisão altista para o dado de dezembro de 2022 (criação de 260 mil vagas, ante 233 da leitura original) e mostrou um aumento dos ganhos médios por hora dos trabalhadores em 0,3%.
Desde então, as divulgações semanais sobre auxílio-desemprego em fevereiro continuaram mostrando que poucos americanos permanecem fora do mercado de trabalho (taxa de desocupação em 3,4% está na mínima histórica). Ao se confirmar a lógica, os investidores podem se preparar para mais uma leitura ‘arrasa-quarteirões’ para o dado da sexta-feira (10).
Nesse sentido, o relatório ADP divulgado na quarta-feira (8), que considera os postos de trabalho criados dentro da iniciativa privada, será um bom termômetro dos números oficiais sobre o emprego dias depois.
A falta de responsividade do mercado de trabalho às decisões do Fed preocupa Wall Street, à medida que se entende que a expansão da massa salarial trará mais inflação, sobretudo, na forma de consumo e serviços.
Mais rendimento e menos risco: títulos soberanos estão batendo mercado de ações
Em cima dos dados econômicos e comentários do presidente do BC, os investidores precisarão se preocupar também com o efeito que estes terão sobre o rendimento dos títulos soberanos.
Fevereiro trouxe um aumento de rendimentos de ponta a ponta para o mercado das Treasuries, de maneira que se tornou possível adicionar à carteira um ativo com rendimento de 5% — basta comprar uma Treasury bill de 6 meses de validade.
Intrinsicamente menos arriscados, e agora com rendimentos atrativos, as Treasuries se tornaram os competidores mais ferrenhos dos mercados de ações, à medida que mais e mais investidores se desfazem das posições de risco para abraçar oportunidades mais seguras.
Muitos em Wall Street esperam ainda haver espaço para crescimento dos rendimentos, adicionando mais pressão para os três principais índices acionários.