Menos PIB, mais inflação e Selic estável: Schoders analisa economia brasileira
“A renovação das tensões comerciais entre EUA e China nos levaram a realizar revisões amplamente negativas a nossas projeções para os mercados emergentes”.
Essa é a visão de Craig Botham, economista-sênior da Schoders para mercados emergentes, ao apresentar a redução nas projeções de crescimento para Brasil e Índia neste ano, e os motivos pelos quais a Rússia obteve elevação em sua recomendação.
A instituição cortou em 0,6 ponto percentual a projeção do PIB (Produto Interno Bruto) para este ano, de 2% para 1,4%. Já as estimativas para inflação em 2019 foram elevadas em 0,2 ponto percentual, de 3,9% para 4,1%.
Em contrapartida, a expectativa para o nível de produto em 2020 manteve-se inalterada, em 2,4%. Do lado positivo, a projeção de inflação para o próximo ano recuou 10 pontos-base, passando de 4,1% para 4%.
“Enxergamos maior espaço para as taxas básicas de juro serem reduzidas, ou ao menos menor pressão para aumento dos juros básicos em alguns mercados emergentes, devido a fatores específicos de cada país”, avalia Botham, acreditando em horizonte mais confortável para a política monetária de Rússia, Índia e Brasil.
Apesar das menores projeções macroeconômicas em relação ao biênio de 2019 a 2020, a Schoders pondera que as revisões foram “pequenas”, o que corrobora para possível visão altista no médio prazo.
Reforma, confiança e investimento
Em relação ao Brasil, as projeções de crescimento foram cortadas com base nos seguintes pontos: “dados desanimadores” de vendas no varejo e produção industrial.
“Ao mesmo tempo, o crescimento do PIB do primeiro trimestre desacelerou nitidamente para 0,5% na base de comparação anual, contra variação de 1,1% observada no último trimestre do ano passado”, aponta o economista-sênior da Schoders para mercados emergentes.
A instituição atribui a incerteza em relação Nova Previdência e os impactos em investimento e confiança. “A reforma da Previdência é vista como chave para colocar as finanças públicas em ritmo sustentável e elevando o crescimento”, afirma Botham, destacando a expectativa de aprovação ainda neste ano, “embora com alguma diluição em relação a [versão] atual”.
Vale pesa
“Também houve um dano material à atividade por conta do desastre de Brumadinho”, diz a Schoders, projetando contribuição negativa de 0,2 ponto percentual no PIB do Brasil deste ano em decorrência do desastre.
Botham também destaca o custo para a Vale de US$ 4,5 bilhões, “ou cerca de 2% do PIB do Brasil”.
Selic estável
“Fizemos pequenas alterações a nossas projeções de inflação no Brasil”, pondera Botham, destacando ainda que, mesmo com a maior inflação, “provavelmente não é suficiente para induzir o banco central a elevar taxas”.
A expectativa é de manutenção da Selic em 6,5% neste e no próximo ano, “como tentativa da autoridade monetária de compensar o crescimento menor do que o esperado em 2019”.