Economia

Menos PIB, mais inflação e Selic estável: Schoders analisa economia brasileira

06 jun 2019, 16:14 - atualizado em 06 jun 2019, 16:23
Instituição projeta leve deterioração do cenário macroeconômico e condiciona reformas a melhora da expectativas

“A renovação das tensões comerciais entre EUA e China nos levaram a realizar revisões amplamente negativas a nossas projeções para os mercados emergentes”.

Essa é a visão de Craig Botham, economista-sênior da Schoders para mercados emergentes, ao apresentar a redução nas projeções de crescimento para Brasil e Índia neste ano, e os motivos pelos quais a Rússia obteve elevação em sua recomendação.

A instituição cortou em 0,6 ponto percentual a projeção do PIB (Produto Interno Bruto) para este ano, de 2% para 1,4%. Já as estimativas para inflação em 2019 foram elevadas em 0,2 ponto percentual, de 3,9% para 4,1%.

Em contrapartida, a expectativa para o nível de produto em 2020 manteve-se inalterada, em 2,4%. Do lado positivo, a projeção de inflação para o próximo ano recuou 10 pontos-base, passando de 4,1% para 4%.

“Enxergamos maior espaço para as taxas básicas de juro serem reduzidas, ou ao menos menor pressão para aumento dos juros básicos em alguns mercados emergentes, devido a fatores específicos de cada país”, avalia Botham, acreditando em horizonte mais confortável para a política monetária de Rússia, Índia e Brasil.

Autoridade monetária terá maior confortabilidade no horizonte de condução da taxa básica de juro

Apesar das menores projeções macroeconômicas em relação ao biênio de 2019 a 2020, a Schoders pondera que as revisões foram “pequenas”, o que corrobora para possível visão altista no médio prazo.

Reforma, confiança e investimento

Em relação ao Brasil, as projeções de crescimento foram cortadas com base nos seguintes pontos: “dados desanimadores” de vendas no varejo e produção industrial.

“Ao mesmo tempo, o crescimento do PIB do primeiro trimestre desacelerou nitidamente para 0,5% na base de comparação anual, contra variação de 1,1% observada no último trimestre do ano passado”, aponta o economista-sênior da Schoders para mercados emergentes.

A instituição atribui a incerteza em relação Nova Previdência e os impactos em investimento e confiança. “A reforma da Previdência é vista como chave para colocar as finanças públicas em ritmo sustentável e elevando o crescimento”, afirma Botham, destacando a expectativa de aprovação ainda neste ano, “embora com alguma diluição em relação a [versão] atual”.

Vale pesa

“Também houve um dano material à atividade por conta do desastre de Brumadinho”, diz a Schoders, projetando contribuição negativa de 0,2 ponto percentual no PIB do Brasil deste ano em decorrência do desastre.

Botham também destaca o custo para a Vale de US$ 4,5 bilhões, “ou cerca de 2% do PIB do Brasil”.

Trabalhador da Vale sujo de lama
Desastre da maior mineradora brasileira afeta expectativa do PIB (Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Selic estável

“Fizemos pequenas alterações a nossas projeções de inflação no Brasil”, pondera Botham, destacando ainda que, mesmo com a maior inflação, “provavelmente não é suficiente para induzir o banco central a elevar taxas”.

A expectativa é de manutenção da Selic em 6,5% neste e no próximo ano, “como tentativa da autoridade monetária de compensar o crescimento menor do que o esperado em 2019”.

Graduado em Ciências Econômicas pela USP, tendo cursado mestrado em Ciências Humanas e em Economia na UFABC, Valter Outeiro acumulou anos de vivência no mercado financeiro através de passagens nas áreas de estratégia de investimentos dentro de private banks, em multinacionais produtoras de índices de ações e em redações de jornalismo econômico.
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Graduado em Ciências Econômicas pela USP, tendo cursado mestrado em Ciências Humanas e em Economia na UFABC, Valter Outeiro acumulou anos de vivência no mercado financeiro através de passagens nas áreas de estratégia de investimentos dentro de private banks, em multinacionais produtoras de índices de ações e em redações de jornalismo econômico.
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