Menos blocos “vazios” estão sendo minerados na rede Bitcoin em 2020
Mineradores de bitcoin estão produzindo cada vez menos blocos vazios até agora em 2020 em comparação a 2019, e podem estar acontecendo inúmeros fatores, que variam de atualizações de máquinas de mineração ao halving.
Segundo pesquisa realizada pelo The Block, um total de 71 blocos, ou blocos que não contém quaisquer transações, foram minerados nos primeiros cinco meses de 2020, totalizando 0,3% de blocos totais produzidos — menos da metade (0,79%) no mesmo período do ano passado.
A forma como a mineração é estruturada incentiva mineradores a, algumas vezes, produzirem blocos vazios. Quando recebem um novo bloco da rede, mineradores precisam verificar certas partes de informação primeiro.
Durante esse pequeno período, para evitar a perda do poder de hashes, mineradores tentam encontrar blocos vazios. Dessa forma, podem obter a recompensa por bloco e também evitar a duplicação de transações já encontradas no bloco anterior.
É difícil saber quais os principais motivos da diminuição de blocos vazios e alguns pools (grupos) de mineração afirmam que isso é por acaso. F2Pool, que minerou grande parte dos blocos vazios até agora em 2020, afirmou que não possuem uma estratégia sobre blocos vazios.
“É apenas uma coincidência”, afirmou Thomas Heller, diretor comercial global do pool, ao The Block. “Algumas vezes, blocos são minerados rapidamente um atrás do outro, então, nesse caso, não existem transações”.
Huobi Pool concordou.
“Não prestamos atenção ao número de blocos vazios que mineramos e não é algo intencional minerar blocos vazios já que mineradores ainda querem ganhar taxas de transação”, afirmou um porta-voz da Huobi ao The Block.
Huobi Pool é o sétimo maior pool de mineração no último ano, de acordo com dados da BTC.com. Porém, em porcentagem, foi o segundo a minerar mais blocos vazios em 2020.
Porém, existem algumas teorias que possam explicar a tendência.
Primeiro, mineradores podem ter escolhido não minerar tantos blocos vazios em 2020 por conta do halving em maio, que reduziu a recompensa por bloco de 12,5 BTC para 6,25 BTC.
A lógica, nesse caso, seria coletar mais taxas de transação para compensar pela queda na recompensa por mineração ao minerar blocos comuns.
Um contra-argumento para isso seria, segundo Steven Zheng, analista de pesquisa do The Block, que a receita de taxas de transação em 2019 e 2020 durante esses períodos são bem parecidas — US$ 57,2 milhões em 2019 e US$ 57,7 milhões em 2020.
O pequeno aumento na receita de taxas de transação pode não dar aos mineradores outros incentivos para produzir blocos comuns em vez de blocos vazios.
Outra explicação possível seria que, agora, a indústria de mineração usa melhores máquinas de mineração e que a rede Bitcoin melhorou na transmissão de blocos.
Desde o segundo semestre de 2019, mineradores estiveram atualizando as antigas gerações de máquinas de mineração, como a S9 da série Antminer da Bitmain, antes do halving.
Novas máquinas, como S17s da Antminer e a M30s da série Whatsminer da MicroBT, têm maior poder computacional e não demoram tanto tempo para baixar blocos e verificar suas informações, além de reduzir o intervalo para a descoberta de blocos vazios.
Alejandro De La Torre, vice-presidente do pool de mineração Poolin, concordou. Ele disse ao The Block que “melhorias gerais de sistemas internos, baixa latência, respostas mais rápidas” são os motivos pelos quais menos blocos vazios foram mineradores este ano.
Em relação à latência na transmissão de blocos, Gleb Naumenko, desenvolvedor de Bitcoin, afirmou que não sabe de nenhuma melhoria recente.
Porém, ele disse que é possível que mais mineradores tenham entrado na rede FIBRE, um protocolo que pode transmitir blocos rapidamente, ou que mineradores antigos na rede agora têm mais poder computacional.
No entanto, é difícil verificar se a latência da rede de fato aumentou, já que diferentes nós possuem condições diferentes e sua latência varia.
“E blocos diferentes têm tamanhos diferentes. Mais transações demoram mais tempo para serem verificadas, por exemplo. Então, é preciso ter cuidado com as conclusões”, disse Naumenko.