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Menores margens nos EUA, preços históricos do frango e os reflexos de um dólar forte; o momento dos frigoríficos, segundo o BTG

26 jun 2024, 19:56 - atualizado em 26 jun 2024, 19:56
frigoríficos dólar
Segundo o banco, um dos frigoríficos listados na bolsa brasileira não se beneficia de uma moeda norte-americana mais forte (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

O BTG Pactual destacou que o ciclo do gado nos Estados Unidos pode mudar em breve, com aumento da retenção de novilhas e maiores margens de bezerros. O banco sublinhou os bons níveis de preços para os frangos, assim como os reflexos da alta do dólar.

Após anos de forte oferta de gado e demanda do consumidor sem precedentes, o ciclo do gado nos EUA se deteriorou, e o BTG acredita que ainda há muito mais por vir.

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O começo de uma virada nos preços dos EUA?

No EUA, o abate de novilhas está em um dos maiores níveis em 40 anos como percentual do abate total, o que geralmente indica uma alta oferta e, consequentemente, menores preços do gado.

No entanto, o abate se manteve elevado durante tanto tempo que o rebanho bovino nos EUA diminuiu, sendo o rebanho total de 2024 o menor em mais de 60 anos. Com a redução do tamanho do rebanho, o abate total também diminuiu (-4,3% a/a), atingindo o menor valor desde 2016.

“O abate de vacas parece estar diminuindo ligeiramente, mas não observamos uma tendência acelerada de retenção. No entanto, isso pode acontecer em breve. Quando isso acontecer, os agricultores precisarão reter agressivamente as novilhas para aumentar o rebanho novamente, potencialmente atingindo ou até mesmo superando os níveis observados no último ciclo”.

Entre os pontos que sustentam essa visão, estão:

  1. As margens dos bezerros estão aumentando rapidamente, atingindo 23% em 2023, em comparação com 3% em 2022;
  2. As pastagens estão em melhor situação em comparação com 2023, e o número de bovinos localizados em áreas de seca está bem abaixo do ano passado, ajudando os agricultores a aumentar o rebanho.

Com as margens da carne bovina recuando desde 2022, e com espaço para maiores quedas, o BTG vê a Marfrig (MRFG3) mais exposta que a JBS (JBSS3) neste cenário.

Margens históricas para carne de frango

O banco volta a destacar o forte momentum do ciclo avícola, algo confirmado pelos resultados da BRF (BRFS3) e JBS dentro do segmento no 1T24.

As empresas se beneficiam de custos menores de grãos e preços favoráveis de aves devido à oferta limitada no Brasil e nos EUA no final do ano passado.

No entanto, como salientaram nos últimos relatórios, a colocação de criadores em 2023 aumentou 8%, o maior aumento anual em pelo menos uma década. “Acreditamos que as adições de capacidade da Seara possam ser responsáveis por grande parte disso”, completam.

Segundo a instituição, a colocação de pintinhos no acumulado do ano está aumentando, e se essa tendência continuar no mesmo ritmo no 2S24, poderemos ver a maior colocação anual de pintinhos de todos os tempos, aumentando significativamente a oferta.

Com uma oferta tão elevada e talvez mais por vir, os atuais níveis de margem da indústria poderão não ser sustentáveis por muito mais tempo além dos próximos trimestres.

“O momento de dinâmica positiva dos lucros da Seara da BRF e da JBS provavelmente permanecerá no curto prazo, mas como os ciclos avícolas são rápidos (9 meses contra ~18 meses para carne suína e ~36 meses para bovinos), não ficaríamos surpresos em ver uma reversão do ciclo próximo ao final do ano”, analisam.

Quem ganha e quem perde com um dólar mais forte?

O BTG comenta que o valor da maioria dos exportadores de proteínas e das empresas com operações no exterior (Minerva (BEEF3), JBS e BRF) deverá ser impactado positivamente à medida que utilizamos previsões de câmbio mais desvalorizado em nossos modelos.

Por outro lado, segundo o banco, a Marfrig é a única exportadora que sofre impacto negativo da desvalorização cambial.

“Enquanto outros exportadores veem seus ganhos de Ebitda mais do que compensando despesas financeiras mais elevadas, as menores margens da Marfrig e a dívida de R$ 10 bilhões denominada em dólares significam que a desvalorização do real afeta negativamente o fluxo de caixa da empresa”, discorrem.

Entre as ações agrícolas, o BTG vê um cenário positivo para SLC Agricola (SLCE3) com a desvalorização do real, devido às suas elevadas receitas denominadas em dólares, (parcialmente compensadas pelos custos denominados em USD). No outro extremo do espectro, os intervenientes no setor de açúcar e etanol necessitam de uma análise mais sofisticada. O banco recomenda compra, com preço-alvo de R$ 29.

Recomendações do BTG para frigoríficos

  • JBS (JBSS3): compra, preço-alvo de R$ 35
  • Marfrig (MRFG3): neutro, preço-alvo de R$ 10
  • BRF (BRFS3): neutro, preço-alvo de R$ 13
  • Minerva (BEEF3): neutro, preço-alvo R$ 8

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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