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Menor emissão de gases durante o confinamento não deve frear mudança climática

15 abr 2020, 12:51 - atualizado em 15 abr 2020, 12:51
Petróleo Commodities Poluição
No momento, o CO₂ compõe cerca de 415 ppm da atmosfera (Imagem: Reuters/Alexey Malgavko)

É um momento difícil para entender o que a paralisação econômica em curso significa para o aquecimento global. Os níveis de dióxido de carbono sempre caem durante a primavera e o verão no hemisfério norte, pois plantas famintas absorvem o principal gás de efeito estufa.

Esse efeito sazonal ocorre em meio a confinamentos que impedem bilhões de pessoas de dirigir e ir ao trabalho, o que diminui o uso de combustíveis fósseis e reduz as emissões de dióxido de carbono.

“Se continuarmos assim por meses, em vez de semanas, haverá uma queda das emissões de carbono que nunca vi na vida”, disse Rob Jackson, professor da Universidade Stanford e presidente do Global Carbon Project. “E, provavelmente, desde o final da Segunda Guerra Mundial. É para onde estamos indo.”

Mas mesmo uma diminuição sustentada de novas emissões este ano – em um cenário em que o atual colapso econômico seja mais grave do que a recessão de 2008 – teria pouco impacto no nível de CO₂ na atmosfera. De fato, os níveis de CO₂ quase certamente continuarão a subir.

Os principais rastreadores de concentrações atmosféricas de CO₂ mostram um giro constante e mecânico do ciclo de carbono da Terra. O número aumenta com o tempo, mas cai ligeiramente sob a influência sazonal.

Cientistas medem a concentração de CO₂ da atmosfera em partes por milhão, ou ppm. No momento, o CO₂ compõe cerca de 415 ppm da atmosfera. O volume supera os 280 ppm no século 18, antes da industrialização. Quanto mais alta a contagem de CO₂, maior o perigo da mudança climática.

Essas leituras da concentração de CO₂ – que permanece na atmosfera a longo prazo – são diferentes das emissões de CO₂ ou da quantidade de gás que sai de usinas, veículos e outras fontes de poluição. O que sabemos do impacto da pandemia nas emissões globais é incompleto, com estimativas aproximadas de alguns dos primeiros países atingidos.

Logo depois que a China começou a paralisar a atividade econômica por causa do Covid-19, analistas começaram a estimar quanta poluição climática seria evitada devido às quarentenas. A conclusão até agora: cerca de 25%, e apenas temporariamente.

A redução das emissões é observada ao redor do mundo com o novo coronavírus. Nas últimas duas semanas, analistas da BloombergNEF identificaram que a demanda por eletricidade está 17% abaixo do normal no Reino Unido, 23% menor na Itália e 15% mais baixa na cidade de Nova York.

A poluição do ar no nordeste dos EUA caiu 30% em março. A Administração de Informações sobre Energia dos EUA prevê que as emissões de carros, usinas de energia e outras fontes podem cair 7,5% neste ano, um número inédito, como resultado das medidas de quarentena.

Essas análises rápidas de setores individuais em cada país não podem ser somadas – ainda – a uma declaração global sobre a quantidade de emissões de CO₂ a partir de 2020 que permanecerão na atmosfera.

Observar os níveis de CO₂ subindo e baixando, com o impacto da pandemia sobreposta à variação sazonal normal, explica apenas parte dessa incerteza.

A maioria do CO₂ emitido todos os anos não permanece na atmosfera. Apenas 45% permanece no ar, cerca de 30% é absorvido por ecossistemas terrestres e outros 25% afundam nos oceanos.

Ainda há aleatoriedade sobre a quantidade de emissões anuais que acabam na atmosfera, o que depende não apenas da poluição, mas de quão bem ou mal o resto do planeta as absorve.

Cientistas estão cada vez mais preocupados com o fato de as florestas tropicais estarem perdendo a capacidade de absorver tanto CO₂ como acontecia no passado.

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