CryptoTimes

“Memecoins”, audiência e Telegram

08 jan 2020, 9:29 - atualizado em 08 jan 2020, 9:34
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“Memecoin” é o termo associado à Dogecoin, a primeira criptomoeda que fez uso de um meme (“doge”) para ser bem-reconhecida; é uma piada que se torna uma criptomoeda, resultando, na maioria das vezes, em uma grande capitalização de mercado por conta de sua ampla e irônica divulgação (Imagem: Pixabay/wir_sind_klein)

“Quanto mais demorarmos para ver a rede TON do Telegram, mais cético eu fico sobre seu potencial e mais evidente fica uma oportunidade de fazer dinheiro como em 2017 e 2018.”

Uma das principais notícias recentes tocou em diversos assuntos das minhas teses para 2020.

Telegram, a gigante plataforma de mensagens e a maior vendedora de SAFT (Acordos Simples para Futuros Tokens) de cripto (US$ 1,7 bilhões em seu investimento privado muito aguardado em 2018), vem enfrentando dificuldades com a SEC.

Inicialmente, a empresa planejava distribuir seus tokens TON (Telegram Open Network) em outubro, mas foi impedida quando o órgão regulamentador instaurou uma ação emergencial e pediu uma ordem de restrição contra a empresa, alegando que a distribuição consistia em uma oferta de valores mobiliários não registrados.

Apesar de a empresa estar enfrentando as acusações (eles conseguiram uma pequena vitória esta semana) quando um tribunal decidiu que a SEC estava exagerando em seu pedido por registros bancários), parece estar dando passos significativo para separar os tokens GRAM da única coisa que os torna interessantes: a integração para a própria plataforma de mensagens com mais de 200 milhões de usuários.

Telegram publicou uma declaração, afastando a carteira TON do aplicativo Telegram. Isso faz sentido se você estiver tentando não esbarrar nas “iniciativas de outros”, parte do Teste de Howey, mas não se você estiver tentando distribuir um token útil para seus usuários-alvo.

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TON (Telegram Open Network) é uma plataforma de blockchain criada na base do aplicativo de mensagens Telegram (Imagem: ChangeNOW)

Ninguém acredita que as duas empresas são independentes (Ton Issuer Inc. é uma subsidiária integral do Telegram) e a pressão da SEC parece ser uma boa função de obrigação para que o Telegram construa fora da rede TON de “não Telegram” antes de fazerem a recalibração dos planos de distribuição de tokens GRAM para usuários do Telegram.

Isso pode ser bom dada as consequências de outras distribuições recentes de megatokens.

De acordo com a empresa:

“Espera-se que o aplicativo da carteira TON esteja disponível exclusivamente em uma base independente, e não vai ser integrada ao serviço de mensagens.

Telegram pode integrar o aplicativo da carteira TON com o serviço de mensagens no futuro caso esteja em conformidade com as leis aplicáveis e autoridades governamentais.”

Nas entrelinhas, parece que eles irão seguir em frente com os planos de distribuição dos tokens GRAM de qualquer forma. Talvez seja uma decepção para seus investidores, que querem liquidez, mas também não querem perder a capacidade de aplicar GRAMs aos usuários de varejo durante a distribuição inicial.

Sem o benefício da enorme base de usuários existente do Telegram para absorver a demanda, você imaginaria que o preço (especialmente contra suas altas valorizações privadas no início de 2018) diminuísse.

Isso afeta os capitais de risco de cripto a curto prazo e livra os usuários varejistas do Telegram, que sempre podem entrar a um baixo preço quando a carteira TON for integrada ao aplicativo principal (“quando”, não “se”).

Isso parece ser algo positivo? Acho que estou do lado da SEC nesse caso…

De qualquer forma, já também uma maior tendência de memes e audiência acontecendo.

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Uma base fiel de usuários é essencial quando uma plataforma anuncia recursos ou ferramentas adicionais (Imagem: Pixabay/GDJ)

Ou seja, você tem a chance de alavancar um criptoativo monetário se você tiver uma audiência de “crentes” ou retenção de usuários. Escolha um dos dois.

Você não pode falsificar audiência ou usuários reais, mas você pode bifurcar funcionalidade útil em seu token já que tudo no universo cripto é gratuito e de código aberto.

O problema é que você também precisa encontrar um equilíbrio entre ganhar audiência e de fato conseguir lançar seu token para essa audiência.

Quando TON e Libra foram anunciados, eu fiquei curioso de como essas iniciativas aconteceriam. Parecia que Telegram, Facebook e outros lançariam tokens, bifurcassem funcionalidade/instrumento nesses tokens, apresentá-los a seus usuários e parar por aqui.

Na prática, o que vimos até agora em relação às “memecoins” mais saudáveis, como bitcoin e ether (e até mesmo polkadot quando for lançada) é que ganharam comunidades que estão (ironicamente) se beneficiando da regulação da SEC.

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SEC impede muitas empresas e corretoras de venderem seus produtos de criptoativos por conta da regulamentação super-restrita (Imagem: Unsplash/@pichler_sebastian)

Está sendo difícil de as grandes plataformas distribuírem o que cada vez mais parecem ser “affinity tokens” para seus usuários porque continuam sendo impedidas por barreiras regulatórias.

Até agora, vimos isso acontecer com Kin, Grams e Libra e, talvez, vai se tornar um item de propagação universal para moedas de plataformas centralizadas.

O mais interessante é se veremos essa fricção ser traduzida para maiores alianças entre redes institucionais e de cripto. Um outro termo para “fusão e aquisição (M&A) de protocolos”.

Eu observaria redes com as maiores tesourarias de token (Ripple, Stellar, Tron) que poderiam forçar sua legitimidade ao transformar seus prêmios monetários em capital que eles compartilham com novos aliados institucionais.

Isso já está acontecendo. Ripple e SBI mostram como ripple pode escalar se a empresa conseguir reduzir mais dos grandes bancos globais de sua ação de senhoriagem.

Tron se mostrou adepta a usar seu prêmio monetário para emitir moedas para M&A de tecnologia útil e bases de usuários verdadeiras (como Bittorrent, Polo, Steem e DLive).

Se as empresas querem ação em cripto, mas tiverem restrições legais ao emitirem suas próprias moeda, eu esperaria por mais alianças não naturais que unem mantenedores de memecoins e plataformas com audiências legítimas, quer você queria ou não.

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