Membros do BCE temem que tarifas de Trump afetem mais o crescimento do que a inflação
Duas das principais autoridades do Banco Central Europeu sinalizaram nesta segunda-feira (18) que estão mais preocupadas com os danos que as novas tarifas comerciais dos Estados Unidos causariam ao crescimento econômico da zona do euro do que com qualquer impacto sobre a inflação.
Investidores e autoridades de todo o mundo estão aguardando os detalhes da nova política comercial do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, depois que ele fez do protecionismo um elemento fundamental de seu discurso de campanha.
O vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, e o presidente do banco central alemão, Joachim Nagel, enfatizaram o impacto que as novas restrições comerciais teriam sobre a produção, ao mesmo tempo, em que se mostraram mais otimistas em relação às perspectivas para a inflação, que vem desacelerando.
“O equilíbrio dos riscos macroeconômicos tem mudado das preocupações com a inflação alta para os temores com o crescimento econômico”, disse de Guindos em um evento em Frankfurt.
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“A perspectiva de crescimento é obscurecida pela incerteza sobre as políticas econômicas e o cenário geopolítico, tanto na zona do euro quanto no mundo todo. As tensões comerciais podem aumentar ainda mais, elevando o risco de materialização de eventos de cauda.”
Alguns analistas temem que o segundo mandato de Trump possa trazer uma repetição muito pior da guerra comercial de 2018 a 2019 do ex-presidente com a China, com ramificações para a Europa e possíveis retaliações.
Nagel, em discurso em Tóquio, disse que as tarifas prometidas por Trump afetariam o comércio internacional, mas ele não está “excessivamente” preocupado com seu impacto sobre a inflação.
“A integração global teria que diminuir substancialmente para causar um aumento perceptível nas pressões inflacionárias”, disse ele. “E, até agora, não temos visto isso.”
Ele disse que se a fragmentação geoeconômica levasse a maiores pressões inflacionárias, o BCE e outros bancos centrais poderiam mantê-la sob controle por meio de taxas de juros mais altas.
Mas ele também argumentou que o BCE não poderia “negligenciar completamente a produção” e não reagiria de forma exagerada aos movimentos da inflação.
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