Méliuz é única, barata e tem potencial para crescer por anos
A Ágora Investimentos iniciou a cobertura das ações da Méliuz (CASH3) rasgando elogios para a novata da Bolsa. A empresa estreou na B3 no começo de novembro, levantando R$ 629 milhões.
Logo de cara, a corretora estabeleceu a companhia como top pick, ou seja, favorita no setor de e-commerce, com preço-alvo de R$ 20, o que implica potencial de valorização de 26%, e recomendação de compra.
De acordo com os analistas Fred Mendes e Luiza Mussi, que assinam o relatório, a empresa reúne atributos que lhe garantem um caminho de crescimento acima da média.
“A Méliuz tem uma clara vantagem competitiva na contratação de pessoal especializado, o que deve permitir continuar a inovar a um ritmo mais rápido”, afirmam.
A empresa possui ainda alta exposição ao e-commerce, atuando como geradora de tráfego para captação de leads com soluções de cashback e cupons.
E, para completar, está negociando a múltiplo de 7 vezes o valor da firma sobre as vendas (EV/vendas) para o ano de 2021, abaixo dos principais nomes do e-commerce.
“Como uma empresa de tecnologia, acreditamos que a Méliuz deveria negociar pelo menos a 10x EV/vendas. O acordo de Honey com o PayPal nos EUA, de 20x EV/vendas, reforça que a Méliuz atualmente parece estar negociando a um múltiplo indesejado”, argumentam.
Sobrenome inovação
Um ponto bastante destacado pelos analistas foi a forte cultura “centrada nas pessoas” da empresa. A companhia possui um polo tecnológico na cidade de Manaus, onde o diretor de produtos (CPO) de Méliuz foi docente de 2010 a 2016, facilitando a contratação de talentos especializados.
“A Méliuz é muito mais do que seus principais serviço de cashback é uma plataforma que, alavancada em sua escala, provavelmente entrará em novos mercados e segmentos, como financeiro (facilitador de crédito), telecomunicações, cartões-presente”, dizem.
A constante inovação da empresa já lhe rendeu uma parceria com o Banco Pan (BPAN4) para cartões de crédito. Mas os analistas esperam muito mais parcerias com os mais de 100 parceiros financeiros que possui.
Além disso, a Méliuz tem como clientes algumas das principais plataformas de comércio eletrônico do Brasil, como Magazine Luiza (MLGU3), Submarino e Via Varejo (VVAR3). Atualmente, a empresa detém cerca de 13 milhões de clientes, 3,6 milhões de usuários ativos, enquanto 87% de sua receita vem do negócio de cashback.
“Notavelmente, apesar de ser o principal player neste segmento, sua participação de mercado GMV (Volume Bruto de Mercadoria) deverá atingir apenas 2,9% em 2020, o que significa muito espaço para crescimento. Em nossa opinião, a expansão esperada da Méliuz vem como um adoçante para seu negócio principal”, observam.
Essa escala e reputação podem servir como mola propulsora para a empresa entrar em outros segmentos. Para eles, conforme a companhia cresce e ganha mais escala, junto com seus produtos enxutos, como empréstimos e crédito, isso contribui para um “facilitador de vendas”.
Avenidas para o crescimento
Na visão dos analistas, como a Méliuz já entrou no ecossistema financeiro com cartão de crédito, outras oportunidades para esse segmento serão soluções que envolvam serviços semelhantes ao mercado de crédito e seguros.
A empresa já anunciou mais de 100 sócios ativos em seu mercado financeiro, enquanto apenas no terceiro trimestre agregou marcas como Banco Pan, Creditas, Porto Seguro (PSSA3), Yuose, SuperSim entre outras.
A dupla espera que a companhia eleve os investimentos em pesquisa e inovação, com a contratação de mais pessoas, fazendo com que se desloque mais rapidamente para as áreas onde ainda não opera, como a prestação de serviços bancários e recargas móveis.
“Nesse sentido, o desenvolvimento de um pólo tecnológico pela Méliuz em Manaus, em parceria com a UFAM, Universidade Federal do Amazonas, deve permitir à empresa obter uma vantagem na contratação de funcionários especializados e focados em tecnologia, o que vemos como um grande diferencial”, afirmam.
Além disso, apostar em marketing para chamar mais clientes também pode alavancar o número de novas contas abertas.
“Olhando para o futuro, dado que cashback é um produto relativamente recente, esperamos que o investimento em marketing aumente sua visibilidade e, consequentemente, aumente o número total de usuário”, argumentam.
Por fim, eles destacam ainda que a companhia tem na manga as fusões e aquisições, que devem ajudar a agregar novos segmentos, além de aumentar o atual nível de tecnologia.
Segundo eles, a Méliuz focará, principalmente, em empresas que desempenhem tarefas de forma semelhante, atuando como intermediárias ao nível dos serviços, “o que deverá permitir beneficiar a Méliuz das sinergias à medida que a empresa se mantém como um asset-light”.
Riscos
De acordo com os analistas, os principais riscos que a Méliuz corre são a interrupção do modelo de negócios e a pressão da taxa de aceitação devido ao aumento da concorrência.