Méliuz (CASH3) cai mais de 9% após atualizações em parceria com banco BV; analistas veem impacto financeiro relevante

As ações do Méliuz (CASH3) engataram uma queda superior a 9% na B3 na sessão desta segunda-feira (17), após a companhia anunciar atualizações em sua aliança estratégica com o Banco BV.
Segundo o comunicado, o Banco BV optou por não exercer seu direito de compra de ações da companhia, valido até o dia 31 de março de 2025. Com isso, a opção de ampliar a participação na empresa deixou de valer.
Às 14h25 (horário de Brasília), CASH3 caía 9,42%, a R$ 3,56. Acompanhe o tempo real.
O Méliuz informou ainda que o acordo comercial para a oferta de produtos e serviços financeiros passou por ajustes determinadas condições, reafirmando a parceria de longo prazo entre a empresa e o BV.
- LEIA TAMBÉM: Conheça a “criptomoeda mais barata do mundo”, nova recomendação de menos de R$ 1 da Empiricus Research
As determinadas condições não foram detalhadas. Como atualização, o Méliuz informou que houve negociação de novas diretrizes para o ano de 2025.
“Em decorrência dessa atualização, informamos aos acionistas e ao mercado em geral que, se hipoteticamente o novo ajuste do acordo comercial tivesse sido aplicado no último resultado divulgado, referente ao terceiro trimestre de 2024, a companhia teria um impacto negativo de aproximadamente R$ 7 milhões em sua receita líquida consolidada”, diz o documento.
No terceiro trimestre de 2024, o grupo Méliuz registrou receita líquida consolidada de R$ 90,3 milhões, um crescimento de 38% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi de R$ 14,1 milhões, alta de 103% sobre o mesmo trimestre de 2023. O lucro líquido ajustado foi de R$ 13,6 milhões, contra R$ 9,7 milhões no 3T23 e R$ 22 milhões no 2T24.
XP vê impacto financeiro relevante no Méliuz
A XP Investimentos recorda que o acordo atual permanece válido até 2033, com previsão de revisão dos termos até o final de 2025. Na estimativa da casa, assumindo uma margem de 70%, o impacto do anúncio no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em 2025 pode chegar a aproximadamente R$ 20 milhões, uma redução de 30%.
“Dado o impacto financeiro relevante, colocamos o Méliuz sob revisão. Precisamos revisar nossas projeções considerando esse novo cenário”.
O Méliuz e o Fundo de Investimento em Participações BV (FIP BV) assinaram o distrato do acordo de votos celebrado em março de 2023. Com isso, todos os direitos do FIP BV foram rescindidos, inclusive o de indicar um membro para o conselho de administração do Méliuz.
Por conta do distrato, Júlio Cezar Tozzo Mendes Pereira, que atuava como conselheiro da Méliuz indicado pelo FIP BV, renunciou ao cargo.
Bernardo Guttmann e equipe, que assinam relatório da XP, apontam que os anúncios da companhia sugerem uma dificuldade do Banco BV para monetizar adequadamente os clientes que vem da parceria com a Méliuz.
Dessa maneira, colocam a renegociação programada para o final de 2025 como um evento relevante.
“Acreditamos que, se 2025 for um ano positivo, ambas as partes terão interesse em manter o contrato até 2033. Caso o desempenho seja inferior ao esperado, as duas empresas precisarão decidir se continuam juntas ou não”, ponderam.