Melhora na margem financeira do Bradesco (BBDC4) virá com crescimento de crédito, diz presidente
O presidente-executivo do Bradesco (BBDC4), Marcelo Noronha, destacou nesta quinta-feira a qualidade da carteira de crédito do banco no primeiro trimestre, que cresceu 1,2% ano a ano, revertendo performance negativa nos últimos dois trimestres.
“Nós estamos com as safras super boas, super bem controladas”, afirmou, em videoconferência com jornalistas para comentar o resultado dos primeiros meses do ano divulgado mais cedo, com lucro líquido recorrente de 4,2 bilhões de reais.
De janeiro a março, o Bradesco teve expansão de 2% no crédito para a pessoa física, com alta ano a ano nos segmentos de consignado, crédito pessoal, imobiliário e rural, enquanto houve queda em veículos e cartão de crédito.
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Em pessoas jurídicas, com alta de 0,7%, as grandes empresas também tiveram performance positiva, mas as pequenas e médias empresas apresentaram declínio.
Noronha afirmou que o movimento em pessoa física tem ocorrido em linhas mais seguras e ressaltou que, embora a carteira de SMEs ainda demande alguma atenção, citando “um apetite mais controlado, o atacado deve ir bem no ano.
Nesse segmento de atacado, em especial, ele afirmou não estar preocupado com nenhum caso, embora observe que o segmento de varejo é o que tem mais desafios no momento.
Questionado sobre o pedido de recuperação extrajudicial da Casas Bahia (BHIA3), que tem o Bradesco como um de seus principais credores, o Noronha disse que o nível de cobertura do banco “é absolutamente confortável”.
O executivo também chamou a atenção para a melhora nos índices de inadimplência ano a ano, tanto no índice total acima de 90 dias como no índice de 15 a 90 dias. Neste último, porém, o segmento pessoa física piorou de 4,9% para 5,2%.
De acordo com o banco, esse movimento tem um efeito principalmente da sazonalidade do período e já voltou para o patamar de normalidade nos primeiros 15 dias de abril. “Zero estresse”, afirmou.
A previsão do banco para 2024 é de um crescimento na carteira de crédito expandida entre 7% e 11%, e Noronha afirmou ter um “otimismo com o pé no chão” de que o banco alcançará tal resultado.
O executivo citou, entre outras razões, a visão de que a renda das pessoas físicas deve subir acima da inflação e de que o PIB deve crescer mais de 2% – “ficando mais perto de 2,5% do que de 2%”.
Bradesco: Margem financeira
Com o crescimento do crédito, segundo o executivo, virá a melhora na margem financeira total, estimada pelo Bradesco em um intervalo de 3% a 7% neste ano, e que no primeiro trimestre caiu 9% na comparação ano a ano.
“É o que estamos devendo”, admitiu, mas destacou que quando o banco “volta a subir o crédito, ele traz a margem.
Noronha, contudo, ressaltou que a margem líquida do banco já está mostrando melhora, com alta de 2,9% no primeiro trimestre.
“Nós vamos passo a passo, tri a tri, melhorando. Essa continua sendo a nossa expectativa, de que o segundo trimestre a gente tenha melhores resultados, o terceiro também e o quarto também. Eu só não faço a promessa de quando”, acrescentou.
A pressão na margem financeira total veio particularmente da margem com clientes, que caiu 14,4%. O vice-presidente financeiro do Bradesco, Cassiano Scarpelli, disse que o dado ficou mais ou menos em linha com as projeções do banco.
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E acrescentou que “longo desse ano, ela (a margem com clientes) vai chegar próximo do guidance”.
De acordo com Noronha, todas métricas do banco caminham para dentro da previsão divulgada anteriormente, sendo a margem financeira total o item mais desafiador.
Na bolsa paulista, as ações chegaram a avançar na abertura, mas às 11h35 recuavam 1,79%, a 13,75 reais, enquanto o Ibovespa subia 0,78%.
“No geral, e apesar do resultado da margem financeira ainda parecer ‘assustador’, tendemos a ver os resultados do primeiro trimestre de uma forma positiva”, afirmaram analistas do BTG Pactual em relatório a clientes.
“Em meio ao processo de recuperação do Bradesco, ajustar as expectativas não é tarefa fácil e, ao ‘prometer’ entregar ROE igual ou acima do custo de capital até 2026, Marcelo Noronha conseguiu ‘ganhar tempo’ para colocar seu plano em ação”, afirmaram os analistas.
Eduardo Rosman e equipe ressaltaram, contudo, que, atender – ou superar, mesmo que um pouco – as expectativas nestes primeiros trimestres desde o anúncio do plano de recuperação do banco é muito importante para investidores, mas também para que a equipe do Bradesco acredite que o novo capitão tem o controle do navio.
“Embora a ação PN do Bradesco tenha caído 18% no acumulado do ano, supera o Itaú e o todo nos últimos dois meses, provavelmente em antecipação ao que foi relatado hoje”, acrescentaram os analistas.
“Continuamos a acreditar que o caminho para a recuperação da rentabilidade será longo e o ‘valuation’ não é suficientemente atrativo para justificar mais do que uma (recomendação) ‘neutra’. Mas, como sempre, estamos abertos a revisitar a nossa visão quando chegar a hora certa.”