Melhor exportar açúcar ao preço atual antes que a realidade da Índia e safra do Brasil batam em Nova York
Ao menos três coisas precisam ser consideradas em relação às notícias recorrentes sobre a potencial redução da oferta externa de açúcar da Índia.
A proibição do governo em limitar os embarques acaba não sendo cumprida, como ocorreu o ano passado.
As altas da commodity em Nova York, por esse ângulo, serão devolvidas quando o mercado ver que as usinas do país ganharam direitos de extrapolarem a cota.
O movimento ainda vai acabar coincidindo com a chegada da nova safra brasileira.
Logo, por essa análise de Maurício Muruci, da Safras & Mercado, é melhor as indústrias de açúcar efetivarem fixações de exportações na janela atual de Chicago, acima dos 21 centavos de dólar por libra-peso, antes que as cotações cedam para além dos momentos de realização de lucros, como o que está em tela nesta quarta (1).
O que está ocorrendo é que as indústrias de alimentos indianas dispararam esse alerta de que poderia faltar açúcar no mercado interno.
E o conjunto das usinas, abraçado na Isma, pegou carona na história. Afinal, preços mais altos internacionalmente sempre são a busca do exportador, acrescenta Muruci.
E deu certo.
O mercado comprou as 34,3 milhões de toneladas de açúcar, contra a previsão de início de safra de 36 milhões/t, e se estabeleceu que não haveria autorização para exportações acima de 6 milhões/t.
“Na safra passada a Índia exportou 11,2 milhões de toneladas”, recorda Muruci, sobre o período no qual o teto foi sendo rompido desde as 8 milhões/t.
Um quinto ponto vale destacar.
Ainda que de fato haja uma quebra na produção de cana, por excesso de chuvas, que comprometesse a oferta de açúcar para os níveis vistos pela associação das usinas indianas, elas não deixarão de vender mais externamente.
E o governo não vai barrar esse comércio que está faturando com as fortes altas dos últimos tempos do açúcar.
Afinal, as 6 milhões de toneladas já foram vendidas, adiciona o analista da Safras & Mercado.