Arena do Pavini

Meirelles: país pode crescer 3% por 4 anos; eleição já afeta economia

15 maio 2018, 17:50 - atualizado em 15 maio 2018, 17:50

Por Ângelo Pavini, da Arena do Pavini

O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles disse hoje que o país tem condições de manter um crescimento em torno de 3% ao ano nos próximos quatro anos mesmo sem as reformas. “Se tivermos as reformas, podemos aumentar o crescimento potencial do país, hoje em torno de 2% ao ano, para  bem mais que isso, e teremos um ciclo de crescimento mais longo e com menos instabilidade que em outras ocasiões”. O país consegue crescer mais de 2% hoje por conta da grande capacidade ociosa provocado pela recessão. “O chamado hiato do produto está em torno de 4,5% e nos permite crescer acima do potencial, mas daqui quatro anos vamos precisar das reformas”, diz.

Segundo ele, o país se recupera da pior recessão desde 1929. “Aliás, foi até pior que a de 29”, disse o potencial candidato à Presidência pelo MDB, ao participar do 11o Congresso Value Investing Brasil. Segundo ele, há sinais de retomada da confiança tanto de empresários quanto das famílias que ajudam na volta do crescimento. “Houve um aumento de compras de máquinas, indicando confiança das empresas, e das compras de bens duráveis, como geladeiras e fogões, sinal que as famílias estão mais seguras com emprego e salário”.

Meirelles destacou o crescimento do emprego, afirmando que o país criou 2 milhões de vagas do ano passado para cá. Mas o desemprego aumentou pois o número de pessoas procurando vagas cresceu. Ele defendeu também a continuidade do ajuste fiscal para a retomada do crescimento e para deter o aumento dos gastos publicos.

Segundo ele, sem o teto de gastos,  a despesa do governo federal subiria em 10 anos de 19,5% do PIB para 25,4% do PIB. Com o teto e as reformas, ela cairia para 15,5% do PIB. “Nesse ritmo, em 50 anos, chegaríamos a um gasto público de 75% do PIB, insustentável ” afirma.

Meirelles diz que o crescimento da economia menor que o esperado neste ano reflete os efeitos da incerteza da eleição presidencial. “É natural haver mais incerteza quando se tem três candidatos na liderança das pesquisas contrários à atual política econômica e aos ajustes que permitiram ao país sair da pior recessão da história do país”, diz, numa referencia a Ciro Gomes, Jair Bolsonaro e Marina Silva. Segundo Meirelles, isso afeta a confiança de empresários, investidores e consumidores. “Bolsonaro tem Paulo Guedes (economista de linha liberal como assessor), mas se olharmos suas votações, elas seguem o nacional desenvolvimentismo dos anos 1970 dos governos militares”, diz.

Para Meirelles, os mercados internacionais ja precificaram as altas dos juros nos Estados Unidos.  O risco é de bolhas mais à frente, tema que foi discutido na última reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI). Mas o risco é muito menor que antes de 2008, avalia o ex-ministro. “Alan Greenspan (ex-presidente do Federal Reserve, banco central americano) achava que tecnologia justificava desemprego baixo e alavancagem dos bancos, e agora todos estão mais atentos e esse risco é menor”, diz. Há o risco de Donald Trump, mas ele fala mais do que faz, afirma Meirelles. “O risco mesmo está aqui na eleição presidencial.”

Com baixa pontuação nas pesquisas de intenção de voto, o ex-ministro aposta suas fichas no horário eleitoral de rádio e tevê do seu partido, o MDB. “Achamos que temos um bom tempo para mostrar nossas propostas e quando começar a campanha à posição é enorme pelo tempo de televisão, por isso MDB é importante “, diz, lembrando que há partidos com 10 segundos de tempo de televisão ou pouco mais, caso deBolsonaro e Marina. “O PDT e o Ciro tem um pouco mais, e o PT e o PSDB também tem um tempo bom”.

Meirelles diz que baseia sua confiança eleitoral em pesquisas quantitativas que fez antes de sair do ministério e que, segundo ele, o convenceram de que ele tem boas chances de vencer. “Quando mostramos o perfil dos candidatos nos grupos de pesquisa, vemos que o efeito é forte”, diz. “E quando consultamos as características dos candidatos que os eleitores procuram aparecem competência, seriedade, honestidade experiência, com as quais me identifico”, diz.

Meirelles tem ainda, porém, de conseguir a aprovação do MDB à sua candidatura, que depende de o presidente Michel Temer não sair candidato. “O presidente tem que tomar uma decisão e, se ele não for candidato devemos ter uma decisão até a convenção em junho e acho que o PMDB deve ter um candidato à presidência”.

Sobre o apoio do Congresso às reformas no próximo governo, Meirelles lembra que quando estava no governo conseguiu aprovar mudanças importantes como o teto de gastos e a reforma trabalhista. “Por isso é fundamental o papel do próximo presidente para levar adiante as reformas no Congresso, ele não pode ter posições dúbias sobre as mudanças que precisam ser feitas e precisa conversar com as lideranças no Congresso como fizemos”.

Meirelles fez a apresentação a uma plateia de profissionais de mercado. Ao sair do evento de gestão de recursos, o ex-ministro foi convidado pelo organizador de outro seminário, de um escritório de advocacia sobre legislação trabalhista que ocorria em uma sala ao lado para falar aos participantes. E aceitou prontamente. Pelo menos, nesse público o ex-ministro candidato tem público garantido.

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