BTG Pactual

Mega coalizão pode salvar Alckmin e ser calcanhar de Aquiles de Bolsonaro

14 jun 2018, 6:01 - atualizado em 14 jun 2018, 0:33

Os partidos PSDB, MDB e DEM irão provavelmente formar uma coalizão para a campanha presidencial, avalia o BTG Pactual em um relatório enviado a clientes nesta semana. As convenções irão definir os candidatos e alianças entre 20 de julho e 5 de agosto. “Este será o primeiro grande evento de campanha deste ano e potencialmente decisivo”, aponta o banco no relatório assinado por Carlos Sequeira e Bernardo Teixeira.

O banco lembra que o País tem um sistema político muito fragmentado, com 35 partidos e um número recorde de candidatos, e que as coalizões têm a força para transformar candidatos com intenções de votos ainda baixas em participantes mais competitivos.

“As coalizões têm o potencial de impulsionar o tempo livre de campanha de TV/rádio dos candidatos, fundos para a campanha e apoio político em todo o país. Dado que a maioria dos partidos no Brasil é de centro-direita ou de centro-esquerda, eles podem facilmente optar por coalizões em ambos os lados do espectro político, dificultando a antecipação de qual caminho seguir”, destacam Sequeira e Teixeira.

Arranjos

Para o BTG, existe uma coalizão potencial envolvendo o PSDB, o PMDB e o DEM, que estiveram juntos no passado e compartilham opiniões semelhantes sobre o país. Desses três, argumenta o banco, talvez apenas o PSDB (com Geraldo Alckmin) tenha um candidato com chance de ganhar.

“Uma coalizão desses três partidos imediatamente tornaria Alckmin um candidato muito mais competitivo. Ele teria 143 assentos na Câmara dos Deputados (mais de 25% do total), 25,4% do tempo de TV, 28,3% dos fundos de campanha públicos e 11 estados sob a regra desses três partidos”, ressalta a análise.

A entrada do PP, PSD e PR poderia gerar uma mega coalizão com 270 assentos na Câmara, 45,2% do tempo de TV, 48,1% dos fundos de campanha e 14 estados sob o controle desses partidos.

Esquerda

Para a esquerda, o BTG avalia que o PT teria o potencial de liderar uma coalizão, como tem feito historicamente. O banco ressalta que o PC do B anunciou Manuela Dávila e o PSOL Guilherme Boulos, enquanto o PDT deveria ter Ciro Gomes concorrendo à presidência e, dado que o ex-presidente Lula não pode concorrer, o partido pode anunciar Fernando Haddad como seu candidato.

“Destas três partes, acreditamos que o PC do B e o PSOL podem unir forças com o PT em uma coalizão de esquerda pura. O PC do B e o PSOL são partidos relativamente pequenos (cada um tem aproximadamente 2% de fundos públicos para campanhas e 2% do tempo de TV), mas junto com o PT podem formar uma coalizão relativamente forte”, estimam os analistas. Esta composição daria a Haddad 15,4% do tempo de TV, 16% dos fundos de campanha públicos e 6 estados sob o controle.

Já uma inclusão do PDT e do PSB (tradicionalmente um partido de centro-esquerda) fortaleceria ainda mais este grupo. Contudo, não há evidências de que Ciro Gomes estaria disposto a desempenhar um papel secundário na coalizão e de que o PSB se juntaria a tal coalizão.

(Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Bolsonaro

Por fim, Jair Bolsonaro, o líder das pesquisas até agora, não tem no horizonte uma perspectiva de qualquer coalizão relevante. O PSL tem apenas 8 assentos na Câmara, 0,6% do dinheiro público para campanhas, 0,5% do tempo de TV e 8 cidades sob o domínio do partido.

O BTG o compara com Marina Silva, que também tem tempo de TV e fundos de campanha muito limitados, mas pode ser mais hábil em trabalhar em coligações do que Bolsonaro. Este pode ser o calcanhar de Aquiles de Bolsonaro, já que a maioria dos partidos é de centro-direita ou de centro-esquerda, o que lhes permite unir facilmente forças de ambos os lados do espectro político.