Coronavírus

Medo domina cidade chinesa após rumores de fim da Covid Zero

16 nov 2022, 9:44 - atualizado em 16 nov 2022, 9:44
China, covid
“Sem o teste, eu não seria capaz de saber quem é positivo”, disse Linda, uma gerente de meia-idade de uma instituição financeira estatal (Imagem: REUTERS/Thomas Peter)

Na segunda-feira, surgiu um boato de que Shijiazhuang, uma cidade a 260 quilômetros de Pequim, se tornaria um caso de teste para a reabertura da China, com a flexibilização na política Covid Zero do país.

Mas, em vez do júbilo com o fim dos testes incessantes e lockdowns disruptivos da política, a suposta reabertura foi recebida com medo por muitos na cidade de 11 milhões de habitantes.

Os pais não deixaram os filhos irem à escola e residentes estocaram medicamentos tradicionais chineses. No metrô, eram poucos os passageiros e distantes entre si.

A reação destaca um dos principais obstáculos para a China se unir ao resto do mundo na convivência com a Covid-19: o medo paralisante do vírus. Nos últimos três anos, o governo disse aos cidadãos que a doença era tão perigosa que o país mais populoso do mundo precisava ser fechado para combatê-la.

O ajuste exigirá mais do que apenas uma clara mudança de retórica.

“Sem o teste, eu não seria capaz de saber quem é positivo”, disse Linda, uma gerente de meia-idade de uma instituição financeira estatal que pediu para omitir seu sobrenome. Ficaria com medo”, afirmou. “Não haverá sensação de segurança.”

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Tsunami de Covid

Não é apenas a preocupação com a própria segurança. Linda disse que também se sentiria culpada se pegasse o Covid e, sem querer, contagiasse outras pessoas ao seu redor. E esse risco é real. Um estudo da Universidade Fudan de Xangai, divulgado no início deste ano, revelou que a China corria o risco de um “tsunami” de Covid se a política fosse interrompida, o que poderia provocar até 1,6 milhão de mortes.

A preocupação dos residentes nas redes sociais levou a uma resposta de autoridades, que negaram os rumores e afirmaram que o governo local não está inerte, sem fazer nada. Shijiazhuang havia começado a tornar os controles da Covid mais direcionados e científicos para coincidir com a abordagem do governo central, disse Zhang Chaochao, chefe do Partido Comunista da cidade.

Dias antes, Pequim divulgou uma lista de 20 medidas para ajustar sua política para a Covid, apresentando mudanças que muitos interpretaram como um relaxamento das regras. Outros especularam que o país não baixaria a guarda de uma vez e escolheria lugares específicos para testar medidas significativas.

Linda não está sozinha em seu medo. Muitos residentes chineses resistem à ideia de flexibilizar a estrita política de tolerância zero, que manteve o país praticamente livre do coronavírus desde o surto original em Wuhan. O país havia registrado pouco menos de 20 mil novos casos entre seus 1,4 bilhão de habitantes na quarta-feira.

Foi nesse contexto que moradores de Shijiazhuang começaram a entrar em pânico quando a cidade fechou centros de testes, reabriu escolas e permitiu que as pessoas entrassem em locais públicos sem um teste negativo, mesmo com o número de casos acima de 300 por dia.

Embora o transporte público não tenha sido interrompido, poucas pessoas o utilizaram. Também compraram remédios tradicionais chineses que supostamente protegem da Covid ou aliviam seus sintomas.

A apreensão vista na China não é atípica em um país que ainda não teve as grandes ondas de Covid que atingiram várias nações. Embora se expor ao risco de contrair Covid pela primeira vez seja aterrorizante, essa abordagem revela que a grande maioria das pessoas sobrevive ilesa e deixa imunidade generalizada em seu rastro.

Algumas pessoas já têm uma visão mais ampla dos riscos.

“Na minha opinião, a Covid não é tão grave quanto em Wuhan, onde a taxa de mortalidade foi bastante alta e assustadora”, disse Wei Wei, vendedora em Shijiazhuang. “A maioria das pessoas é assintomática e testa negativo depois de ficar em casa por três a cinco dias.”

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