Mercados

Medo do coronavírus leva Ibovespa a pior queda em 10 meses

27 jan 2020, 18:47 - atualizado em 27 jan 2020, 18:49
Coronavírus China Saúde
Apenas na China o número de casos confirmados já é de 2.744 (Imagem: REUTERS/Ringo Chiu)

O Ibovespa desabou nesta segunda-feira, para abaixo de 115 mil pontos e anulando ganhos de 2020, em meio ao receio global com o surto de coronavírus, que já matou 81 pessoas e contaminou outras 2,7 mil na China, além de se espalhar para vários países.

O Ibovespa (IBOV) caiu 3,29%, a 114.481,84 pontos, na maior queda percentual desde 27 março de 2019, quando caiu 3,57%. O giro financeiro da sessão somou 23,9 bilhões de reais.

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos disse que 110 pessoas estão sob suspeita de estarem com o vírus em 26 Estados, mas não houve novos casos confirmados no país desde os 5 casos de sua última atualização no domingo.

O número total de casos confirmados na China aumentou cerca de 30%, para 2.744, com cerca de metade na província de Hubei, cuja capital é Wuhan. Mas alguns especialistas suspeitam que o número de pessoas infectadas seja muito maior. Casos já foram confirmados em mais de 10 países, incluindo França, Japão e EUA.

“Os temores estão crescendo na velocidade com que o coronavírus que começou na China se espalhou para os EUA e a Europa”, observou o analista Jasper Lawler, chefe de pesquisa no London Capital Group, em email a clientes nesta segunda-feira.

“Colocando de lado a tragédia humana, do ponto de vista frio dos mercados, o coronavírus pode servir ao propósito de retirar parte do aquecimento de um mercado que tem subido rapidamente há meses”, observou.

As preocupações também afetaram mercados internacionais, derrubando mercados europeus. O índice FTSEurofirst 300 caiu 2,26%, enquanto o índice pan-europeu STOXX 600 perdeu 2,26%, a 414 pontos. Nos EUA, o S&P 500 recuou 1,57%.

Destaques

Vale (VALE3) despencou 6,12%, em meio ao ambiente de maior aversão a risco com temores sobre os efeitos do surto de coronavírus sobre a economia chinesa. Também no radar estava a decisão da mineradora de elevar o nível de alerta da Barragem Sul Inferior, em Minas Gerais, citando fortes chuvas na região. Outros papéis de mineração e siderurgia também figuravam entre os maiores destaques negativos do índice.

Petrobras (PETR4) e Petrobras (PETR3) recuaram 4,33% e 4,21%, respectivamente, acompanhando o tombo nos preços do petróleo no mercado internacional, com os papéis ordinários ainda pressionados pela iminência de uma oferta pública das ações da petrolífera detidas pelo BNDES prevista para fevereiro.

Suzano (SUZB3) caiu 6,7%, dada a relevância do mercado chinês para o setor de papel e celulose. Klabin (KLBN11) recuou 4,37%. As empresas do setor trabalhavam com perspectiva de retomada do mercado e dos reajustes de preços da commodity após o feriado do Ano Novo chinês, no final deste mês.

Bradesco (BBDC4) perdeu 2,3%. Itaú Unibanco (ITUB4) caiu 2,16%. Santander (SANB11) retrocedeu 0,98%

Vivo (VIVT4) avançou 0,83%, como uma das poucas altas do índice. A matriz da empresa contratou o Morgan Stanley para procurar um investidor para adquirir uma fatia de sua unidade de tecnologia.

Gol (GOLL4) declinou 6,66%, também afetada pela valorização do dólar. Azul (AZUL4) perdeu 3,33%.

Taurus Armas (TASA4) avançou 7,79%, após assinar acordo para criação de uma joint venture que permitirá a fabricação e comercialização de armas na Índia.

Dólar

Dólar
O dólar à vista encerrou em alta de 0,59%, a 4,2101 reais na venda (Imagem: Reuters/Ricardo Moraes)

dólar fechou no maior patamar em oito semanas contra o real nesta segunda-feira, chegando a superar 4,23 reais na máxima da sessão, impulsionado por demanda por segurança num dia bastante negativo para ativos de risco no mundo diante de temores relacionados ao surto de coronavírus.

O dólar à vista encerrou em alta de 0,59%, a 4,2101 reais na venda.

É o nível mais alto para um término de sessão desde 2 de dezembro de 2019 (4,2139 reais na venda). No pico desta segunda, a cotação bateu 4,2322 reais na venda.

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