Medo do coronavírus leva Ibovespa a pior queda em 10 meses
O Ibovespa desabou nesta segunda-feira, para abaixo de 115 mil pontos e anulando ganhos de 2020, em meio ao receio global com o surto de coronavírus, que já matou 81 pessoas e contaminou outras 2,7 mil na China, além de se espalhar para vários países.
O Ibovespa (IBOV) caiu 3,29%, a 114.481,84 pontos, na maior queda percentual desde 27 março de 2019, quando caiu 3,57%. O giro financeiro da sessão somou 23,9 bilhões de reais.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos disse que 110 pessoas estão sob suspeita de estarem com o vírus em 26 Estados, mas não houve novos casos confirmados no país desde os 5 casos de sua última atualização no domingo.
O número total de casos confirmados na China aumentou cerca de 30%, para 2.744, com cerca de metade na província de Hubei, cuja capital é Wuhan. Mas alguns especialistas suspeitam que o número de pessoas infectadas seja muito maior. Casos já foram confirmados em mais de 10 países, incluindo França, Japão e EUA.
“Os temores estão crescendo na velocidade com que o coronavírus que começou na China se espalhou para os EUA e a Europa”, observou o analista Jasper Lawler, chefe de pesquisa no London Capital Group, em email a clientes nesta segunda-feira.
“Colocando de lado a tragédia humana, do ponto de vista frio dos mercados, o coronavírus pode servir ao propósito de retirar parte do aquecimento de um mercado que tem subido rapidamente há meses”, observou.
As preocupações também afetaram mercados internacionais, derrubando mercados europeus. O índice FTSEurofirst 300 caiu 2,26%, enquanto o índice pan-europeu STOXX 600 perdeu 2,26%, a 414 pontos. Nos EUA, o S&P 500 recuou 1,57%.
Destaques
– Vale (VALE3) despencou 6,12%, em meio ao ambiente de maior aversão a risco com temores sobre os efeitos do surto de coronavírus sobre a economia chinesa. Também no radar estava a decisão da mineradora de elevar o nível de alerta da Barragem Sul Inferior, em Minas Gerais, citando fortes chuvas na região. Outros papéis de mineração e siderurgia também figuravam entre os maiores destaques negativos do índice.
– Petrobras (PETR4) e Petrobras (PETR3) recuaram 4,33% e 4,21%, respectivamente, acompanhando o tombo nos preços do petróleo no mercado internacional, com os papéis ordinários ainda pressionados pela iminência de uma oferta pública das ações da petrolífera detidas pelo BNDES prevista para fevereiro.
– Suzano (SUZB3) caiu 6,7%, dada a relevância do mercado chinês para o setor de papel e celulose. Klabin (KLBN11) recuou 4,37%. As empresas do setor trabalhavam com perspectiva de retomada do mercado e dos reajustes de preços da commodity após o feriado do Ano Novo chinês, no final deste mês.
– Bradesco (BBDC4) perdeu 2,3%. Itaú Unibanco (ITUB4) caiu 2,16%. Santander (SANB11) retrocedeu 0,98%
– Vivo (VIVT4) avançou 0,83%, como uma das poucas altas do índice. A matriz da empresa contratou o Morgan Stanley para procurar um investidor para adquirir uma fatia de sua unidade de tecnologia.
– Gol (GOLL4) declinou 6,66%, também afetada pela valorização do dólar. Azul (AZUL4) perdeu 3,33%.
– Taurus Armas (TASA4) avançou 7,79%, após assinar acordo para criação de uma joint venture que permitirá a fabricação e comercialização de armas na Índia.
Dólar
O dólar fechou no maior patamar em oito semanas contra o real nesta segunda-feira, chegando a superar 4,23 reais na máxima da sessão, impulsionado por demanda por segurança num dia bastante negativo para ativos de risco no mundo diante de temores relacionados ao surto de coronavírus.
O dólar à vista encerrou em alta de 0,59%, a 4,2101 reais na venda.
É o nível mais alto para um término de sessão desde 2 de dezembro de 2019 (4,2139 reais na venda). No pico desta segunda, a cotação bateu 4,2322 reais na venda.