Medo de calote: Lojistas da Americanas (AMER3) aumentam preços; notebook chega a R$ 40 mil
Após a Americanas (AMER3) entrar com pedido de recuperação judicial na quinta-feira (19), os lojistas do marketplace começaram a aumentar consideravelmente os preços dos produtos, com o intuito de dificultar as vendas, identificou o Valor Econômico.
Segundo o jornal, as mudanças foram identificadas após alterações em ofertas de produtos (como eletrônicos), cruzadas com informações dos próprios vendedores, confirmando a decisão em grupos de mensagens voltados para discutir a crise que a varejista está enfrentando.
“Meu medo é bloquearem meus créditos e eu não receber com uma recuperação judicial”, disse um lojista de São Paulo, em grupo de mensagens instântaneas.
Vale destacar que a operação do marketplace, ou seja, as vendas de terceiros dentro da plataforma da Americanas, correspondem a 65% das vendas brutais totais, enquanto 35% corresponde ao estoque próprio da empresa.
Ainda segundo informações obtidas pelo Valor, um dos preços alterados foi de notebooks da Dell que custam cerca de R$ 19,2 mil no site da Americanas, sendo que no KaBuM!, do Magazine Luiza, o mesmo item custa R$ 11,1 mil, afirma uma fonte ouvida pelo jornal.
Um segundo lojista oferece notebooks importados por até R$ 40 mil no aplicativo da Americanas, sendo que o preço médio dele na Amazon está em R$ 20 mil.
Relação da Americanas com consumidores e fornecedores
Em meio a este cenário, a varejista afirma que nada mudou com consumidores e que seguem abertos e prontos para receber compras e realizar entregas, nas lojas, no site e no aplicativo.
“Somando os esforços do nosso time e das melhores soluções tecnológicas, vamos continuar dando acesso ao maior número de brasileiros e brasileiras às melhores ofertas, produtos e serviços. Então, se tem uma coisa que nada muda é que, por aqui, seguimos pensando e trabalhando por você.” diz a companhia.
Guilherme Farid, chefe de gabinete do Procon-SP, explica a recuperação judicial não afeta as compras dos consumidores.
“A recuperação judicial afeta apenas os credores da empresa e o consumidor neste momento não configura um credor, ele configura como uma parte da relação jurídica que deve receber o que foi encomendado”, explica.
Farid destaca que os afetados neste momento são os fornecedores da Americanas.
Apesar da garantir a continuidade da boa relação com os clientes, quando se tratam dos fornecedores, a relação está estremecida.
Segundo o jornal O Globo, uma parcela dos fornecedores vem suspendendo vendas à empresa ou exigindo pagamento à vista para manter a entrega de produtos.
De acordo com o jornal, a relação com fabricantes de eletroeletrônicos está paralisada deste a quinta-feira da semana passada, um dia depois das informações sobre o rombo contábil serem divulgadas.
Sem evidência de aporte pelo trio da 3G Capital, composto por JorgePaulo Lemman, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, muitas empresas resolveram parar de entregar mercadorias.