Política

Medidas do governo ainda são tímidas para caminhoneiros autônomos, diz confederação

02 abr 2020, 20:30 - atualizado em 02 abr 2020, 20:30
Caminhão Transportes
O Ministério de Infraestrutura informou lançamento, em parceria com o Serviço Federal de Processamento de Dados, de funcionalidades no aplicativo InfraBr para apoio de caminhoneiros (Imagem: Agência Brasil/Valter Campanato)

As medidas anunciadas pelo governo federal para auxílio econômico à população durante a epidemia de coronavírus são ainda insuficientes para atender caminhoneiros autônomos, que estão enfrentando dificuldades nas estradas do país, afirmou nesta quinta-feira o diretor da área rodoviária da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL).

“No geral, a situação está difícil por conta da precariedade de estruturas de apoio montadas para os motoristas, por conta de decretos municipais e estaduais” de quarentena, disse Carlos Alberto Litti Dahmer, em comentários enviados à Reuters.

Ele se referiu a locais como restaurantes que agora não estão sempre disponíveis aos motoristas por causa das medidas de quarentena tomadas por governos estaduais e prefeituras.

“Na segunda-feira estávamos com bastante problemas, mas com algumas ações voluntárias, isso foi contornado….Mas agora há uma certa tendência de relaxamento disso, já começa a recuar”, afirmou Dahmer.

Na sexta-feira passada, o Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Sest/Senat) lançou campanha em vários pontos do país para distribuir aos caminhoneiros kits de higienização e alimentação e para dar orientações de saúde. A iniciativa envolve 130 pontos de atendimento pelo país, segundo a entidade.

Nesta quinta-feira, o Ministério de Infraestrutura informou lançamento, em parceria com o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), de funcionalidades no aplicativo InfraBr para apoio de caminhoneiros.

Os recursos permitem ao motorista “obter informações sobre o funcionamento de serviços essenciais para continuar nas estradas, como restaurantes, postos de combustíveis, borracharias, oficinas e lojas de autopeças”, além dos postos do Sest/Senat.

“O que a gente enxerga é que as medidas que o governo tem tomado são muito tímidas ainda, não chegaram na ponta”, disse Dahmer. “As medidas são importantes no geral para o país, mas, por exemplo, esses 600 reais não vão servir para tocar a vida do transportador autônomo”, acrescentou.

Dahmer se referiu ao projeto que trata da Renda Básica de Cidadania Emergencial sancionado pelo governo na noite de quarta-feira, após debate no Congresso.

Segundo o diretor da CNTTL, uma medida que teria impacto para os caminhoneiros autônomos seria a liberação de cobrança de pedágio nas estradas. “As concessionárias de pedágio deveriam dar sua contribuição abrindo as cancelas não só para os autônomos, mas para todos os veículos”, disse Dahmer.

Procurada, a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), afirmou que as empresas do setor distribuíram 536 mil kits de álcool em gel, máscaras e luvas ou marmitas nos pontos de apoio e praças de pedágio das rodovias que administram.

A entidade disse ainda que a cada hora as estradas concessionadas registram 316 atendimentos médicos e mecânicos.

“A suspensão da cobrança de pedágio inviabilizará essa importante contribuição que somente rodovias concedidas podem oferecer”, afirmou a ABCR.

Questionado sobre o escoamento da safra brasileira de grãos, o diretor da CNTTL afirmou que não está havendo problemas relevantes no transporte, mas que no caso de cargas de outros segmentos da economia, como construção civil e metal-mecânico, estão havendo “problemas localizados”.