Medida vazia: Por que baratear eletrodomésticos não deve mexer com a economia
O governo avalia a possibilidade de lançar um programa de barateamento dos eletrodomésticos da linha branca, como geladeira, refrigerador, fogão e máquina de lavar roupa.
“Facilitar a compra de geladeira, de televisão, de máquina de lavar roupa. As pessoas, de quando em quando, precisam trocar seus utensílios domésticos. E, se tá caro, vamos baratear, vamos tentar encontrar um jeito”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a cerimônia de retomada do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia.
A medida, se adotada, beneficiará varejistas como Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3). O setor de eletrodomésticos não só recebeu bem a notícia, como também já trabalha em uma proposta para substituir de aparelhos antigos por modelos com melhor eficiência energética.
O governo ainda não esclareceu sobre como ou quando o programa se estabelecerá, mas a expectativa é de que os descontos viriam por meio de alívios temporários no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
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Inflação na linha branca
Apesar de a novidade agradar as varejistas e os consumidores, os economistas olham a medida com uma certa desconfiança.
Matheus Spiess, economista e especialista em investimentos da Empiricus, destaca que as promessas feitas por Lula sobre a redução de preços de eletrodomésticos da linha branca pegaram o mercado de surpresa.
“Algumas fontes indicam que, em até 40 dias, teremos alguma proposta do Ministério do Desenvolvimento, comandado por Geraldo Alckmin”, aponta. Ele ainda afirma que como não há estudo de impacto fiscal apresentado, os investidores se preocupam um pouco.
Entre as preocupações está o lançamento de uma medida de incentivo ao consumo pouco tempo depois do programa de carros populares e em um momento que o Banco Central avalia o corte da Selic, após anos tentando controlar a inflação.
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, lembra que os itens de linha branca representam cerca de 1% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Isso significa que a cada 1 ponto percentual de desconto no preço médio desses produtos, a inflação deve recuar 0,01 ponto percentual.
“Economicamente a medida é infrutífera, visto que diversos estudos apontam que não existem desdobramentos efetivos para o desenvolvimento da nação e em passado não muito distante o estímulo ao consumo de itens associados ao crédito estava em patamares recordes”, afirma.
*Com Flávya Pereira