McDonald’s e Johnson & Johnson são boas apostas para investidores de longo prazo
Em 2019, as ações pagadoras de dividendos nos EUA tiveram um dos seus melhores anos, já que os investidores recorreram a elas diante do medo de uma recessão. O enorme fluxo em busca de segurança fez com que o fundo ProShares S&P 500 Dividend Aristocrats (NOBL) subisse 23% neste ano.
Será que esse movimento de alta terá continuidade em 2020? Não é fácil responder a essa pergunta, diante de tanta incerteza em relação à expansão econômica dos EUA e os riscos da disputa comercial sino-americana, que vêm dominando as manchetes e podem se estender até o início do ano que vem.
Dito isso, investir em ações pagadoras de dividendos ainda é uma das melhores formas de gerar um fluxo regular de renda e aumentar o patrimônio.
As ações confiáveis dessa classe geralmente oferecem rendimentos maiores dos que os títulos públicos e fornecem proteção em tempos de extrema volatilidade.
Para ajudar você a elaborar sua lista de compras para o ano que vem, selecionados duas ações que pagam dividendos crescentes e estão com um preço atraente.
1. McDonald’s
À primeira vista, pode parecer que não é um bom momento para olhar com bons olhos o McDonald’s Corporation (MCD), maior rede de fast food do mundo.
A empresa vende hambúrgueres e bebidas açucaradas que muitos consumidores atentos à saúde tentam evitar, além do que a ação despencou nos últimos meses. Mas a companhia ainda tem muito valor a oferecer, principalmente aos investidores de longo prazo.
A forte queda dos seus papéis se deve não apenas à mudança dos hábitos de consumo, mas sobretudo ao fato de que o Conselho de Administração da companhia demitiu o CEO, Steve Easterbrook, por ter mantido um relacionamento amoroso com uma funcionária.
Os acionistas sem dúvida não ficaram felizes com a saída de Easterbrook, pois, durante seu mandato, a ação acabou tendo bastante sucesso.
De fato, iniciativas como o café da manhã durante todo o dia e o serviço de autoatendimento ajudaram a fazer com que as ações do McDonald’s gerassem um retorno total de quase 100% desde sua nomeação ao cargo, em janeiro de 2015, superando em muito seus concorrentes, como Yuam! Brands Inc (YUM) e a proprietária do Burger King, Restaurant Brands International (QSR), além de concorrentes em franca expansão, como Chipotle Mexican Grill Inc (CMG) e Shake Shack Inc (SHAK).
As ações do MCD se desvalorizaram mais de 18% desde o fim de agosto, depois de atingirem a máxima histórica, encerrando o pregão de ontem a US$ 194,01.
Essa fraqueza, em nossa visão, oferece um bom ponto de entrada para investidores de longo prazo que estavam aguardando de fora. A repentina mudança na gestão sem dúvida não foi bem-vinda, mas isso não altera o plano estratégico da companhia para impulsionar seu crescimento.
Para investidores que buscam renda, o fator mais importante a se observar na hora de escolher uma ação pagadora de dividendos é a estabilidade dos seus proventos.
A empresa vem elevando seus pagamentos a cada ano desde 1976, quando começou a distribuir dividendos. Essa consistência no crescimento dos dividendos não está em perigo, apesar do recuo recente, principalmente para uma empresa que vem crescendo de forma admirável.
As vendas nas mesmas lojas do McDonald’s cresceram 5,9% em todo o mundo no terceiro trimestre, acima dos 5,4% esperados pelos analistas entrevistados pela FactSet.
Depois de elevar em 8% seus proventos neste ano, o McDonald’s agora distribui dividendos trimestrais de US$ 1,25 por ação. Isso se traduz em um dividend yield anual de 2,59% na atual cotação. Aliás, essa foi a 43ª alta consecutiva nos dividendos anuais da empresa.
2. Johnson & Johnson
Acreditamos que 2020 será um bom ano para comprar as ações da Johnson & Johnson (JNJ), maior fabricante mundial de produtos de consumo e cuidados com a saúde.
A empresa perdeu parte do seu charme no ano passado, quando os investidores preferiram dar atenção às incertezas relacionadas aos milhares de processos judiciais abertos contra ela.
O papel continuou sob pressão ao longo de todo este ano em meio a um litígio provocado por 12.000 processos envolvendo produtos em pó e outros talcos para bebês da companhia. Segundo as acusações, o amianto presente nesses produtos da Johnson & Johnson teriam provocado câncer de ovário nas vítimas.
As ações da J&J (JNJ) se desvalorizaram cerca de 7% desde as máximas deste ano, fechando o pregão de ontem a US$ 137,17, na medida em que os investidores passaram a evitar o papel por causa desses custos judiciais.
De acordo com Chris Schott, analista do JPMorgan Chase & Co., esses passivos judiciais podem chegar a US$ 20 bilhões, e a cotação da empresa já reflete esse impacto.
Esses problemas de curto prazo, no entanto, não negam o fato de que a empresa ainda está gerando muito caixa, ou seja, sua capacidade de recompensar os investidores continua intacta.
No terceiro trimestre, as vendas da Johnson &Johnson aumentaram para US$ 20,7 bilhões. A empresa também elevou suas vendas para todo o ano, bem como sua projeção de lucro por ação, graças a esse forte desempenho.
Acreditamos que a Johnson & Johnson aos poucos se recuperará dos desafios desses passivos judiciais e pode acabar sendo uma boa aposta para investidores que buscam ter um fluxo crescente de dividendos.
Como mencionamos anteriormente, a companhia tem uma excelente vantagem competitiva e vem elevando seus proventos há 55 anos consecutivos. Cada ação gera um retorno trimestral de US$ 0,95, o qual cresceu 7% ao ano nos últimos cinco anos, para um rendimento anual de 3,80%.
Resumo
Apesar da sua fraqueza atual, os bons resultados das ações do MCD e da J&J oferecem uma boa oportunidade para os investidores adicionarem esses papéis às suas carteiras de renda em 2020. São empresas mundiais, bem administradas e plenamente capazes de superar os atuais desafios.