MBRF (MBRF3) engata 2º dia de ganhos e salta mais de 20% com criação de Sadia Halal
O segundo dia de ganhos. As ações da MBRF (MBRF3) disparam mais de 20% nesta terça-feira (28) e dão continuidade ao rali iniciado na véspera com a criação da Sadia Halal.
MBRF3 encerrou a sessão com salto de 15,62%, a R$ 18,50. Na máxima intradia, os papéis da companhia atingiram alta de 24,25%. Na véspera, as ações terminaram a sessão com alta superior a 6%. Acompanhe o Tempo Real.
Ontem (27), a MBRF — fruto da fusão entre Marfrig e BRF — anunciou um acordo para ampliar a joint venture (JV) BRF Arabia com a Halal Products Development Company (HPDC), controlada pelo fundo soberano da Arábia Saudita, o Public Investment Fund (PIF), e que passará a ser chamada Sadia Halal.
A operação foi avaliada em US$ 2,07 bilhões — o que inclui fábricas, distribuidoras e negócios de exportação.
Os ativos contribuídos devem gerar US$ 2,1 bilhões em receita e US$ 230 milhões em Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) em 2025, avaliando o negócio em cerca de 9 vezes o valor de mercado sobre o Ebitda (EV/Ebitda) — 60% acima do múltiplo atual da companhia.
A transação também prevê aumento da participação da MBRF na JV para 90%, com possibilidade de IPO da BRF Arabia em 2027.
O mercado, em geral, avalia o negócio como positivo. Os analistas da Ágora Investimentos/Bradesco BBI afirmaram que a transação tem potencial relevante de geração de valor e fortalecimento da presença da MBRF no Oriente Médio (MENA).
A XP também destaca que o negócio permite à companhia avançar no mandato de aumentar a participação de produtos processados no mix de receita, além de viabilizar crescimento mais rápido de outras categorias na região, como carne bovina.
Na mesma linha, o Goldman Sachs afirma que Sadia Halal deve oferecer suporte em meio aos ciclos voláteis do mercado de frango.
“Isso se dará por meio da exposição a uma região de rápido crescimento, alto poder de compra e estrutura de precificação ‘cost-plus’ (baseada em custo mais margem)”, afirmaram Thiago Bortoluci e Nicolas Sussmann, em relatório.
Nos detalhes do negócio
Os analistas da XP avaliam que, apesar da potencial criação de valor relevante, a operação já foi majoritariamente precificada.
“A entrada de caixa é bem-vinda, especialmente considerando que uma das principais preocupações do mercado é a alavancagem, dado que as margens da National Beef devem permanecer apertadas e as margens da BRF devem se normalizar”, escreveram os analistas Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak.
O Itaú BBA, por sua vez, não vê a injeção adicional de HPDC de até US$ 430 milhões como uma potencial mudança significativa na estrutura de capital da MBRF neste momento.
“No curto prazo, entendemos que ainda há uma assimetria negativa em relação ao consenso da Bloomberg para o exercício de 2026, enquanto o mercado espera uma normalização do ciclo de frango ao longo do próximo ano”, explicam Gustavo Troyano, Bruno Tomazetto e Ryu Matsuyama.
O BTG Pactual chama a atenção para o valuation da operação de 9x EV/Ebitda, 60% acima do múltiplo atual da companhia, incluindo passivos de arrendamento e FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) como parte da composição da dívida.
“Dito de outra forma, ele avalia um ativo que corresponde a aproximadamente 7% das vendas da empresa em aproximadamente 17% do valor de mercado (EV) da companhia”, afirmaram os analistas Thiago Duarte e Guilherme Guttilla.
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Hora de comprar MBRF?
A Ágora Investimentos/Bradesco BBI mantém a recomendação neutra para MBRF3, dado o valuation já elevado em relação aos pares e os sinais de desaceleração no ciclo de proteínas — que, na avaliação dos analistas, podem limitar o desempenho das ações no curto prazo.
O BTG Pactual também mantém a recomendação neutra, mas considera atualizar as estimativas para a companhia “em breve”.
Nas contas do Safra, o plano de listar a Sadia Halal na Bolsa de Valores Saudita — onde concorrentes locais são negociados a um múltiplo médio de 9,4x EV/Ebitda — representa um prêmio de 60% em relação à MBRF3 e um prêmio de 17% em relação aos pares listados nos EUA, “o que deve contribuir para gerar valor adicional para a ação”.
Confira as recomendações que o Money Times teve acesso:
| Banco/Corretora | Recomendação | Preço-alvo | Potencial de valorização* |
|---|---|---|---|
| Ágora/Bradesco BBI | Neutra | R$ 24,00 | 50,00% |
| Bank of America | Neutra | R$ 26,00 | 62,50% |
| BTG Pactual | Neutra | R$ 20,00 | 25,00% |
| Goldman Sachs | Compra | R$ 27,80 | 73,75% |
| Safra | Compra | R$ 30,50 | 90,63% |
| Santander | Neutra | R$ 20,00 | 25,00% |
| XP | Neutra | R$ 20,90 | 30,63% |
*potencial de valorização sobre o preço de fechamento da última segunda-feira (28), quando a ação encerrou as negociações cotada a R$ 16,00.