Mauro Mendes assume em Mato Grosso com críticas ao governo anterior
O novo governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, abriu o discurso de posse, na tarde desta terça-feira (1º), afirmando que a vitória do presidente Jair Bolsonaro nas urnas resultou de uma insatisfação generalizada do povo brasileiro quanto a antigos modelos de política.
“O Brasil, meus amigos, caminha por momentos talvez um pouco delicados de sua história. Agora, há pouco, acaba de tomar posse no Planalto Central um presidente que, se alguém ousasse dizer que ele seria o próximo presidente, esse exercício seria objeto de chacota”, afirmou. “Ele traz, certamente, uma mensagem muito clara de que a população brasileira está cansada da velha forma de fazer política, mas, acima de tudo, dos poucos resultados que o poder público tem entregue ao cidadão”, afirmou
No discurso, Mendes disse ter constatado que a alta carga tributária no país constitui uma dificuldade para a sociedade e que parlamentares federais e estaduais devem tomar “medidas corretas” para o equilíbrio fiscal. “Se não tivermos a compreensão, a grandeza e, acima de tudo, a coragem de fazer aquilo que precisa ser feito, estaremos condenando este país, em pouco tempo, ao maior fracasso de sua história”, afirmou. “As soluções não são simples, não são fáceis. Teremos que ter alguns bons debates, mas teremos que fazer aquilo que é necessário para recuperar a capacidade do Estado brasileiro e, principalmente, do estado do Mato Grosso de cumprir o seu papel perante o cidadão.”
Mendes criticou o governo anterior e atribuiu problemas no fechamento das contas ao que chamou de “descontrole” nas despesas, enfatizando que o governo estadual dispunha de suficiente receita. “O governo de Mato Grosso hoje coleciona, em contrapartida ao que aconteceu na iniciativa privada, números que, certamente, envergonham a todos nós. Salários atrasados, fornecedores há meses sem receber, prefeitos sem receber a verba constitucional obrigatória, principalmente na área da saúde, colapso nos nossos hospitais regionais.”
Antecipando possíveis sacrifícios, que chamou de “alguns enfrentamentos necessários”, o novo governador afirmou que, ao analisar a situação de áreas como educação e saúde, constatou que nenhuma se encontra em condições “minimamente razoáveis”. “A maioria absoluta [das áreas] nos apresentou um cenário de desafios, que vai exigir dos secretários um desafio muito grande, que precisará ser compartilhado com o Poder Legislativo, com o Poder Judiciário. Precisaremos muito do apoio do Ministério Público e do Tribunal de Contas de Mato Grosso. Precisaremos de cada empresário e empreendedor deste estado, porque precisamos fazer o que é melhor para este estado”, declarou.
Da Assembleia Legislativa, Mendes seguiu para o Palácio Paiaguás, para receber a faixa do governador Pedro Taques, um dos quatro candidatos que enfrentou nas eleições de outubro, e depois para a cerimônia de posse aos secretários de sua gestão, na Faculdade de Tecnologia (Fatec) Senai Mato Grosso, no bairro Porto.
Mauro Mendes foi presidente da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso (Fiemt) por seis anos, ocupando, ainda, a vice-presidência da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Ele também presidiu o Serviço Social da Indústria (Sesi) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial no estado e, em 2012, foi eleito prefeito de Cuiabá.
Agronegócio
Empresário do agronegócio e natural de Anápolis, em Goiás, Mendes foi eleito pelo DEM no primeiro turno, com 58,69% (840.094) dos votos válidos. O também agropecuarista Otaviano Pivetta, do PDT, é o vice-governador. Natural de Caiçara, Rio Grande do Sul, Pivetta, foi três vezes prefeito de Lucas do Rio Verde e secretário de Desenvolvimento Rural no governo Blairo Maggi (2003-2010).
Entre as propostas incluídas em seu plano de governo, Mendes e Pivetta mencionavam intenção de “parar de atrapalhar” representantes da agricultura e da pecuária com processos burocráticos, que pretende simplificar. A chapa ainda se comprometeu a fortalecer o sistema público escolar e programas de capacitação profissional como solução para reduzir as desigualdades sociais observadas na região.