Master: Banco Central pode barrar compra, diz jornal; CEO de BRB defende ativo

O caso do Banco Master continua, ao que parece, continuará rendendo por muitas semanas. Agora, o jornal O Globo informa que o Banco Central pode barrar a operação de compra, anunciada pelo BRB, banco estatal controlado pelo governo do Distrito Federal, na última sexta.
De acordo com o jornal, que ouviu fontes a par do assunto, a transação é arriscada, visto que o banco possui dificuldade de captação de recursos e vinha pagando taxas muito acima dos rivais, de 140% do CDI em seus CDBs.
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Ainda segundo o jornal, outros bancos privados sondaram a compra, porém recuaram da oferta devido aos ativos arriscados, como precatórios e ações de empresas em dificuldades.
Em nota, o BC disse que aguarda o pedido formal de avaliação do negócio, acertado por R$ 2 bilhões de acordo com fontes.
Para uma fonte, também ouvida pelo jornal, não há sinergia nas operações do Master e do BRB. Essa fonte observa ainda que o banco de Brasília não teria o controle do Master na nova estrutura.
A operação envolve a aquisição de 48% das ações ordinárias (com direito a voto) do Master, mas somando ordinárias e preferenciais, o percentual chega a 60%.
O Money Times entrou em contato com o Master e o BRB e aguarda um posicionamento.
CEO do BRB defende ativos
Em entrevista ao Estadão, o CEO do BRB, Paulo Henrique Costa, defendeu a operação e disse que espera análise priorizada no Banco Central.
“Quando a gente puder comunicar ao mercado o escopo exato da transação, vai ficar muito claro o quanto esse banco é competitivo, o quanto esse banco é tradicional”, afirmou.
O CEO voltou a dizer que os ativos arriscados, como precatórios, ficarão de fora de operação.
“Mapeamos algo perto de R$ 23 bilhões em negócios de precatórios, de direitos creditórios, de ações judiciais, de fundos de investimento em ações de empresas que o BRB não tem interesse em adquirir ou de participar desse modelo de negócio”.
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Henrique Costa também negou que a operação seja de ‘resgate’.
“O BRB é um banco que já vem crescendo muito nos últimos anos e há o entendimento de que precisamos crescer para fora do Distrito Federal. Alguns negócios a gente entendeu que precisavam de parceiros, que não havia condições de crescer sozinho”.
Quem é o Banco Master?
Fundado em 1970, o Master tem sede e São Paulo. Em 2018, passou por uma reformulação e fez mudanças em sua direção, com a chegada de Vorcaro ao comando. A partir de 2021, ganhou o atual nome.
Atualmente, atua em diversas frentes, incluindo crédito pessoal e consignado, serviços financeiros e banco de investimentos.
Com uma estrutura enxuta, o banco não possui agências físicas, priorizando soluções digitais para seus clientes.
Em fevereiro de 2024, o Banco Master anunciou a aquisição do will bank, um banco digital com mais de seis milhões de clientes e forte presença no Nordeste brasileiro.
O lucro líquido no semestre encerrado em julho foi de R$ 501 milhões, contra R$ 291 milhões do mesmo período de 2023, crescimento de 72,34%.
No relatório, o banco credita a alta ao portifólio de crédito, bem como os investimentos e aquisições realizadas.
Já o ROE, que mede a rentabilidade do patrimônio, encerrou o período em 32%, contra 34% do mesmo período de 2023.
No mercado, o crescimento explosivo do banco em pouco tempo levantou dúvidas.
Isso porque a expansão foi impulsionada por ativos de risco, com uma captação via CBDs com taxas de juros chegavam a pagar até 130% do CDI. O banco os vendia usando o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) como chamariz.
Em caso de quebra, o investidor teria R$ 250 mil garantidos por CPF.
Segundo apuração do Valor Econômico, os depósitos elegíveis do Master representariam quase 50% da liquidez do FGC.
Ao contrário de muitos bancos médios, cuja carteira é composta majoritariamente por empréstimos ao varejo e/ou atacado, aproximadamente 34% da carteira do Banco Master são em títulos e créditos a receber, destaca a Nord Research.
Tal risco levou o Banco Central a apertar as normas.