Economia

Mas e o pé na areia, a caipirinha e a água de côco? ‘Inflação do verão’ é três vezes maior que o IPCA de 2022

23 jan 2023, 18:45 - atualizado em 23 jan 2023, 18:48
inflação
Sessão mais quente do ano também está mais salgada. (Imagem: Pixabay)

Quem conseguiu dar uma escapada para curtir esse primeiro mês de verão na praia deve ter percebido que os preços ficaram tão salgados quanto a própria água do mar.

Segundo levantamento da economista Tatiana Nogueira da XP, a inflação de produtos e serviços mais consumidos no verão avançaram 16,6% no acumulado de 2022, na comparação com 2021.

O sobressalto é três vezes maior que o IPCA, aferido pelo IBGE, no mesmo período. Maiores vilões? Passagem aéreas (aumento de 23,5%), hospedagem (aumento de 18,2%), pacote turístico (17,2%) e até mesmo o sorvetinho (20,1%) daquele passeio na orla.

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Inflação de passagens aéreas deve persistir

Sobre às passagens aéreas, infames campeãs dessa lista, os preços devem continuar em patamares elevados se comparado ao ano passado: “parte da elevação recente foi para corrigir custos represados. A passagem aérea, por exemplo, deve subir bem menos este ano do que em 2022, mas ainda fica com variação positiva”, diz Tatiana Nogueira.

A economista da XP ainda destaca que os cortes nos preços de querosene (utilizado como combustível para avião) não foram suficientes para compensar a alta do custo dos últimos anos — um reflexo das restrições de oferta e desorganização das cadeias de valor causados pela pandemia.

Ao restringir a mobilidade e induzir cancelamentos, o período pandêmico também reduziu a demanda por passagens, levando a uma situação de prejuízo para a maioria das companhias aéreas.

Aliado inesperado: chuva nesse verão deve aliviar parte da inflação

Mesmo que a média de aumento dos preços tenha superado a inflação de 2022, de 5,8%, a perspectiva é de queda de alguns preços nos próximos meses, especialmente em bens como ar-condicionado, ventilador e produtos para pele.

A economista justifica essa tendência através de sinais de uma demanda já enfraquecida, como pela queda das vendas de final de ano em lojas varejistas. Acoplado a esse movimento, estão as promoções para reduzir estoques.

Por fim, Tatiana salienta que o alívio da inflação para alguns produtos pode vir de um aliado inesperado: o tempo instável que vem gerando chuvas e temperaturas mais baixas em boa parte do Brasil neste verão.

Se a Selic não consegue resolver, é bom recorrer a São Pedro.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
jorge.fofano@moneytimes.com.br
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.