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Mas, afinal, o que muda na gestão da saúde com o home office?

01 set 2022, 11:33 - atualizado em 01 set 2022, 11:33
Saúde e trabalho
Antonio Salvador fala sobre saúde e trabalho e o impacto da pandemia da Covid-19 (Imagem: Anthony Tran/Unsplash)

Conforme comentei em outros textos aqui no Money Times, a pandemia da Covid-19 transformou a sociedade como um todo, alterando formas de se comunicar, trabalhar e viver.

No contexto organizacional não foi diferente: as empresas precisaram implementar processos totalmente digitais e adotar o sistema de home office para se manter em pé, e garantir a integridade física, mental e financeira de seus colaboradores.

Quase que naturalmente, devido ao caráter trágico do que vivenciamos, a saúde foi arremessada para o centro do palco da discussão da opinião pública e das organizações.

Assim, algumas dúvidas podem surgir quando pensamos no caso da gestão da saúde dos colaboradores: qual a responsabilidade das lideranças na gestão da saúde? Qual o papel das lideranças nos novos modelos de trabalho: home office, híbrido ou presencial? Benefícios flexíveis são uma opção para as empresas? Qual a importância de considerar novas estratégias e alternativas na gestão da saúde? Elas se aplicam a todos os tipos de empresa? Os planos de saúde têm que mudar considerando os novos modelos de trabalho?

O estudo Global Talent Trends 2022, realizado aqui na Mercer, trouxe luz para as questões acima mencionadas. Com uma amostra de quase 11 mil participantes, entre C-Levels, líderes de RH e colaboradores, a pesquisa apontou que 73% das empresas investiram em novos programas de saúde no ano passado e 34% planejam adicionar benefícios de saúde mental/emocional.

A questão que eu levanto é a seguinte: como as empresas podem realizar a gestão da saúde dos colaboradores da melhor forma possível? As políticas estabelecidas fazem sentido? Como aumentar a aderência?

Outro dado que nos preocupa, e muito, é que 8 em cada 10 funcionários dizem que correm risco de esgotamento este ano.

Da mesma forma que o home office trouxe benefícios para as pessoas, como flexibilidade, não precisar de transporte, mais tempo para cuidar dos filhos, economizar na alimentação etc., também dificultou a separação da vida profissional e pessoal, gerando esgotamento, cansaço e descontentamento, que pode vir a causar um burnout, sintomatologia atrelada diretamente ao ambiente do trabalho.

As empresas precisam perceber que possuem um papel fundamental para garantir a saúde física, mental e financeira de seus colaboradores, e isso se mostrou ainda mais nítido durante a pandemia, na qual a saúde foi a principal pauta durante quase dois anos inteiros.

Para cumprir o seu papel social, as organizações têm que garantir o bem-estar dos funcionários, por meio de políticas, benefícios, estratégias e ações idealizadas e coordenadas pelos líderes de Recursos Humanos.

Prover um ambiente saudável e ajudar os colaboradores a fazerem escolhas que melhor proporcionem a melhora da saúde integral não tem relação apenas com o papel social, faz a diferença na hora dos talentos ficarem ou saírem de sua empresa.

Segundo a mesma pesquisa, os funcionários que se sentem cuidados e engajados são 7 vezes mais propensos a permanecer ou escolher sua empresa.

Palestrantes do CONARH têm como tema a saúde mental: “Não estamos aqui falando de dinheiro, isso será uma consequência”

Por isso, para vocês, líderes de RH, vou compartilhar algumas das dicas que discuti na minha palestra no CONARH Saúde 2022:

  1. Em Deus acreditamos, os outros que tragam dados! Tudo começa com você conhecer, com dados, a situação da saúde física, mental e financeira do seu time, principalmente se são times grandes, e dispersos por várias regiões.
  2. Em um mundo do Dr. Google, comunicação e contexto constantes são fundamentais! Criar canais de comunicação constante sobre o tema de saúde integral, com possibilidade de tirar dúvidas e dirimir “fake news“, pode salvar vidas!
  3. Líderes tem (sempre!) que dar o exemplo. Meu grande amigo Ricardo Basaglia, com sabedoria diz que uma das medidas de cultura é o quanto de comportamento tóxico uma empresa permite em função da performance de curto prazo. De nada adianta criar programas maravilhosos, se os líderes que não se cuidarem, não tirarem férias, criarem ambientes insalubres e não derem o exemplo.

Antonio Salvador é diretor-executivo da Mercer Brasil

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