Marisa: Santander inicia cobertura da varejista prevendo lucro apenas em 2024
O Santander iniciou a cobertura de Marisa (AMAR3), empresa que está há mais de cinco anos em reestruturação, recomendando a “manutenção” dos papéis da companhia.
A varejista recebeu um preço-alvo de R$ 6,50 para o fim de 2022 — o que implica um potencial de alta de 19% —, devido à lacuna de desempenho operacional que existe em comparação com as demais empresas de vestuário listadas.
Nas contas do Santander, a Marisa está negociando a um múltiplo de 8,6x EV/Ebitda para 2022. Para os analistas da instituição, a varejista é dona de uma marca com “potencial atraente de longo prazo, dada sua grande base de consumidores em faixas de renda mais baixa”.
O Santander também menciona o MBank, plataforma de serviços financeiros da Marisa, como “um valor potencial oculto pronto para ser explorado”. Segundo o banco, a empresa procura parceiros externos para obter um impulso financeiro a fim de promover o crescimento da plataforma.
‘Fortes dificuldades’ e lucro só em 2024
Para o Santander, a Marisa teria “fortes dificuldades” no curto prazo. O banco cita o ambiente macroeconômico volátil do país, que “não tem sido favorável aos indivíduos da base da pirâmide de renda”, com alta da inflação e desemprego.
Segundo o banco, a Marisa tem recuperação da receita paralisada — “o que, em conjunto com a alta da
taxa Selic e o maior nível de endividamento da empresa, pressiona seu resultado financeiro”.
Os analistas assumem que não haverá inauguração de lojas até 2024, o que também retarda a recuperação da receita. A expectativa do banco é de que a empresa retorne para o positivo (em termos de lucro) apenas em 2024.
“Além disso, os fortes desafios para reacender o seu crescimento de receita mantém a empresa em modo de turnaround, o que tem mostrado algum progresso”, diz trecho do relatório emitido nesta segunda-feira (18).
Longo turnaround
A Marisa está envolvida em um longo processo de turnaround, iniciado em 2016, após uma série de anos em que o crescimento das vendas foi inferior ao de seus pares, combinado com margens sob pressão.
“Apesar da recuperação da lucratividade, principalmente durante 2018 e 2019, quando voltou a níveis semelhantes aos observados durante os melhores anos da Marisa, uma aceleração consistente do crescimento das vendas mesmas lojas não foi alcançada”, lembra o Santander.
As dificuldades de receita da Marisa levaram a uma queda acentuada da produtividade de suas lojas, que pode ser observada em uma média de vendas de R$ 5.000 por m² em 2016-20, em comparação com quase R$ 6.000 de vendas por m² em 2010.
“No futuro, o case de investimento da Marisa permanece vinculado à sua capacidade de execução para atrair mais consumidores para suas lojas, melhorando os níveis de conversão para que possa recuperar anos de produtividade perdida”, diz o banco.