Marisa (AMAR3): Abaixo de R$ 1, ação ganha alívio nesta segunda (17) e salta 9%; entenda o caso da varejista
A Lojas Marisa (AMAR3) disparou nesta segunda-feira (17) após notícias positivas envolvendo o processo de reestruturação da companhia.
A varejista saltou 8,86% na sessão, negociada a R$ 0,86, com investidores repercutindo o comunicado de conclusão, dentro do prazo previsto, das “principais e mais desafiadoras ações” do plano de otimização operacional da empresa.
Dentro do plano, a Marisa procura adequar seu parque de lojas e avançar com um processo de reestruturação organizacional. Isso inclui:
- o fechamento de lojas deficitárias;
- a redução de despesas; e
- a negociação com fornecedores.
Entenda a disparada
A forte reação do mercado nesta segunda está no fato de a Marisa ter conseguido avançar em pontos-chave do plano de reestruturação, a começar pelo fechamento da maior parte das lojas da rede consideradas deficitárias.
Das 92 lojas com geração de caixa negativo previstas para fechamento no plano durante o segundo trimestre do ano, 88 foram encerradas, levando a um investimento total de R$ 44,5 milhões (16% abaixo do custo previsto inicialmente). Com o fechamento das 88 lojas, o portfólio da Marisa atinge um total de 246 unidades.
De acordo com a Marisa, isso leva a uma potencial captura de Ebitda de cerca de R$ 40 milhões em 2023 e mais ou menos de R$ 60 milhões anualmente a partir de 2024.
Do lado das despesas, a Marisa conseguiu geração extra de caixa da ordem de R$ 35 milhões ano após revisar a estrutura organizacional e ajustar o modelo operacional.
Ao longo do segundo semestre, a varejista otimizará os serviços de terceiros e outras despesas, levando a uma economia adicional de pelo menos R$ 10 milhões por ano.
Por fim, a Marisa fez avanços nas negociações com seus fornecedores. O processo de renegociação de dívidas já chegou a aproximadamente 90% do total de fornecedores e 97% do total da dívida com parceiros de revenda. Em termos de renegociações de aluguéis, a companhia superou 80% de novos acordos com os proprietários de imóveis.
O avanço no processo de reestruturação chega como um alívio para as ações da Marisa. Luiz Cesta, da EQI Research, diz que o plano de reestruturação da Marisa é fundamental para uma sustentável operação e geração de caixa.
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Meses difíceis para Marisa
Por anos, a Marisa tem engatado diversos processos de reestruturação que levou a uma série de mudanças no quadro da diretoria executiva. Isso foi visto novamente em 2023, quando a empresa voltou ao radar do mercado após anunciar a renúncia de Adalberto Pereira dos Santos à presidência da empresa e de Marcelo Adriano Casarin como membro do conselho de administração.
Na mesma ocasião, a varejista informou que realizaria uma nova tentativa de reestruturação, tendo contratado a BR Partners para assessorá-la no processo de renegociação de seu endividamento junto a credores e a Galeazzi Associados para apoiá-la no aperfeiçoamento da estrutura de custos.
A situação financeira delicada da Marisa e as sucessivas trocas de pessoas do alto escalão levaram a ação a patamares abaixo de R$ 1. Desde fevereiro, a companhia luta para sair da zona dos centavos na Bolsa, mas sem sucesso. No ano, os papéis da empresa de moda acumulam perdas de 31%.
A ação a centavos levantou questionamentos por parte da B3, que estipula como regra às empresas o enquadramento da cotação dos papéis acima do valor de R$ 1.
A Marisa chegou a dizer à B3 que acreditava que os resultados do seu novo plano de reestruturação seriam suficientes para “os investidores no mercado acionário reconhecerem o valor implícito e elevarem a cotação das ações acima de R$ 1”.
Resultados: mais uma decepção à frente?
A Marisa teve prejuízo líquido de R$ 149 milhões no primeiro trimestre de 2023, aumento de 64,2% em relação ao mesmo período do ano passado, quando registrou perdas de R$ 90,7 milhões.
O resultado foi parcialmente influenciado pelos passos estratégicos na implementação do plano de recuperação da geração de caixa e rentabilidade”, segundo a varejista. Com isso, o Ebitda ajustado consolidado atingiu valor negativo de R$ 50,6 milhões, aumento de 11,5% sobre o primeiro trimestre de 2022.
Para completar, a receita do período chegou a R$ 440,5 milhões, o que representa um avanço de 1,3% em relação ao mesmo período do ano passado.
O time de análise do BTG Pactual lançou suas estimativas sobre a temporada de resultados do segundo trimestre do ano para o varejo, e a expectativa é de uma contração anual de 20% para o lucro bruto da Marisa, a R$ 242 milhões, com recuo de 40 pontos-base na margem.
A receita líquida esperada deve recuar 19% ano a ano, a R$ 485 milhões, enquanto o Ebitda pós-IFRS 16 totalizará R$ 50 milhões (-42% a/a), avalia o banco.
A Marisa divulga seus resultados do segundo trimestre de 2023 no dia 9 de agosto.