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Marink Martins: Por que agosto é um mês difícil nos mercados?

16 ago 2019, 14:17 - atualizado em 16 ago 2019, 14:17

Por Marink Martins, do MyVOL e autor da newsletter Global Pass

Dados históricos sugerem que o mês de agosto tende a ser o pior mês em termos de performance para as bolsas de valores. Tenho uma teoria para este comportamento que derivo de experiências pessoais e gostaria de compartilhar com vocês.

Embora existam diversos argumentos que busquem explicar este evento – o período de férias no hemisfério norte se destaca aqui — acredito que o trimestre que se inicia em agosto e se estende até outubro marca um período em que, ano após ano, temos que conviver com nossas frustrações face às expectativas estabelecidas no início de cada ano gregoriano.

Embora a cada ano busquemos ser mais “amigo da ciência” e nos livrar das superstições do dia a dia, não conseguimos escapar daquilo que nos define como humanos. O fato é que, em um determinado grau, nos tornamos reféns das metas estabelecidas por nossas mentes lineares em períodos de mudanças de ciclos. Na minha opinião, não é à toa que os meses de janeiro, novembro e dezembro são, historicamente, meses de euforia nas bolsas.

As metas nos colocam em movimento. Curiosamente, não só estabelecemos metas no início de cada ano, mas também no início de cada dia.

Voltei a refletir a respeito deste tema ao ouvir um comentário sobre o recém-lançado livro “WHEN” do autor Dan Pink; um livro sobre o “timing”. Para Pink, se você vai fazer uma cirurgia, agende sempre para um horário que seja no início do dia! Os erros cirúrgicos ocorrem com uma frequência bem maior na parte da tarde.

De forma análoga, argumento aqui que agosto, setembro e outubro são a parte da tarde nesta comparação entre o dia e o ano. Trata-se de um período de exaustão, de frustração, quando constatamos que aquelas metas estabelecidas em janeiro simplesmente não deverão ser atingidas.

Como consequência deste incômodo surge uma inquietude que faz com que tomemos uma atitude. Nos mercados isso se manifesta através de mudanças nas carteiras, de estratégias, e até mesmo, em um maior uso da alavancagem. Esta última surge muitas vezes em meio a uma percepção, quase que inconsciente, de que as metas estão ficando para trás. Assim, em um ato de um “quasi desespero” não só alavancamos, mas entramos em uns “long/shorts safados” que temos até vergonha de compartilhar com os amigos.

Não demora muito e logo chega novembro, o mês da resignação. Um momento em que nos aceitamos como humanos, demasiadamente humanos.

Conforme mencionei, isso aqui é somente uma teoria. Se isso se aplica ou não a sua vida, você vai dizer. Mais importante, porém, é buscarmos compreender a dinâmica das massas. E, neste sentido, há dados que comprovam que o período em questão é um marcado por uma volatilidade mais alta. Sendo assim, ciente desta característica, o mais prudente é seguir uma estratégia de diferenciação onde o investidor passe a percorrer este período com uma maior liquidez objetivando tirar proveito das oportunidades que irão surgir.

Um bom fim de semana a todos.

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