Opinião

Marink Martins: Papai Noel, já te avisaram das mudanças auspiciosas no hemisfério sul?

04 dez 2018, 12:04 - atualizado em 04 dez 2018, 12:04

Por Marink Martins, do blog MyVol e autor da newsletter Global Pass

Pode ser uma bota, uma meia ou, até mesmo, um tamanco à porta, o fato é que os pedidos já foram feitos por investidores e bancos para que o Ibovespa ultrapasse o tão aguardado nível de 100.000 pontos.

A ansiedade é tão grande que faz gente grande parecer criancinha e questionar se, após tantos anos de espera, é chegada a hora de receber aquele presente que, por anos, provou-se ilusório.

A semana começou com enorme otimismo. Todos convencidos de que era chegada a hora.

Afinal, uma trégua entre dois irmãos (EUA e China) que tanto se ajudaram ao longo dos últimos 25 anos seria o suficiente para que um caminho de paz fosse traçado.

Contudo, o ímpeto altista de celebração foi perdendo gás ao longo da tarde de segunda-feira deixando muitos investidores apreensivos.

Em destaque na mídia financeira, o famoso “achatamento” da curva dos juros soberanos dos EUA enviou um sinal de preocupação.

No passado, quase sempre que a taxa de juros dos títulos mais longos ficou inferior aquela registrada pelos títulos mais curtos, foi um prenúncio de uma recessão.

Deixe-me explicar melhor!

A curva de juros nada mais é do que um gráfico onde diversos títulos de prazos distintos de um mesmo emissor são colocados lado a lado, com seus respectivos rendimentos.

Em uma economia saudável – quer dizer, em expansão – o rendimento de um título de 1 ano tende a ser bem inferior a um titulo de 10 anos. Afinal, aquele que empresta por um prazo mais longo cobra um rendimento mais elevado como compensação pela demora para receber o seu capital de volta.

Entretanto, quando a economia começa a esfriar, esta dinâmica fica um pouco mais confusa.

As oportunidades de uso de capital para o longo prazo começam a ficar mais escassas e os financiadores acabam optando por “estacionar” o seu dinheiro em uma espécie de “porto seguro”.

Tal “porto seguro” no mundo dos mercados globais, historicamente, tem sido os títulos do governo americano com prazo de 10 anos.

Observe através do gráfico abaixo como a curva de juros norte-americana está cada vez mais achatada.

Acima, a curva de juros dos títulos do governo dos EUA. A linha azul refere-se a curva registrada ontem. Observe que, entre os prazos de 2 anos e 10 anos, a curva ficou mais achatada do que aquelas (linhas verde e amarela) registradas em períodos anteriores.

Ontem, a diferença entre o rendimento dos títulos de 2 anos e de 10 anos foi a menor desde o ano que precedeu a última recessão.

Isso naturalmente fez com que muitos ficassem preocupados e contribuiu para que os mercados globais perdessem força no fim da tarde.

Por aqui, até mesmo as ações da Petrobras e da Vale que lideravam o movimento de alta, perderam força no final.

Mas, e aí? Será que tal evento é um indicador confiável de que “velhinho de vermelho” não vai passar por aqui?

Não é bem assim!

Primeiramente, é importante distinguir um ACHATAMENTO de uma INVERSÃO.

A primeira preocupa, mas não implica necessariamente em uma recessão.

Há outros sinais presentes no mercado que caminham com uma mensagem bem mais otimista. Dentre eles, temos um índice do setor de manufatura norte-americano que se expandiu de 57,7 para 59,3 em novembro. Qualquer nível acima de 50 é sinal de saúde.

Para os mais imediatistas, a perda de valor da moeda americana frente a moeda chinesa também é um dado auspicioso. Além disso, o preço do ouro subiu, o que, aparentemente, não é condizente com um cenário recessivo.

Sendo assim, deixo o leitor com a seguinte “dica” para decifrar esta charada:

Fique de olho no VIX! – medida de volatilidade associada ao índice S&P 500.

De sexta para segunda tal indicador caiu do patamar de 19% para os atuais 16,5%.

Confie que, apesar de estarmos mais próximos do fim do ciclo econômico expansionista, ainda há um importante argumento otimista: a taxa de crescimento do lucro das empresas americanas ainda supera, em larga margem, seus respectivos custos de capital.

Sendo assim, caso o VIX continue na descendente e encoste no patamar de 15%, isso será um bom sinal de que o BOM VELHINHO “is coming to town”!

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