Mercados

Marink Martins: P/L brasileiro vs. P/L asiático

22 jan 2019, 11:51 - atualizado em 22 jan 2019, 11:51

Por Marink Martins, do blog MyVol e autor da newsletter Global Pass

Em continuidade ao argumento apresentado ontem de que investidores locais devem ser mais criteriosos diante da dose cavalar de otimismo ventilada pela mídia financeira, apresento hoje alguns gráficos comparativos ilustrando a precificação do IBOV vis-à-vis outros índices globais.

Observemos a relação Preço/Lucro projetada por uma das principais corretoras locais:

Como podemos observar, o principal indicador bursátil local negocia próximo a sua média histórica. Argumenta-se que com a aprovação da reforma da previdência há a possibilidade de que os ativos brasileiros passem a negociar com um prêmio em relação ao seu múltiplo histórico de forma similar ao ocorrido com as ações indianas após o início do governo de Narendra Modi.

Conforme mencionei ontem, a média das estimativas para o IBOV para o fim de 2019 está na casa de 117.500 pontos, o que representa um potencial de valorização de aproximadamente 22%. Novamente, note que tais previsões embutem no modelo a aprovação de reformas cruciais como a da previdência; algo que como sabemos é um tanto pré-maturo ao se tratar das dificuldades políticas vistas por aqui.

Observemos agora a projeção de P/L para as ações de países emergentes asiáticos:

Acima, temos a relação entre o preço das ações e o lucro projetado para os próximos 12 meses para as empresas asiáticas, excluindo as japonesas.

Como podemos observar tal indicador encontra-se praticamente no mesmo nível que o brasileiro sendo que, por lá, a taxa de juros é significativamente mais baixa.

Dito isso, é indiscutível que as ações brasileiras estão em tendência de alta e que, por isso mesmo, chamam atenção de todos aqueles que buscam ativos exibindo elevado “momentum”. Desde setembro, o indicador brasileiro deixou quase todos os seus pares para trás.

Sabemos que o mercado olha para frente e busca antecipar eventos. Mesmo assim, não devemos ser ingênuos ao ponto de creditar muita sagacidade aos mercados, que como sabemos tendem a comportamentos de características bipolares, exagerando tanto na alta como na baixa.

Do ponto de vista fundamentalista, não podemos ignorar que as ações dos bancos brasileiros, representando aproximadamente 25% do indicador, negociam com múltiplos sobre valor patrimonial que estão acima da média histórica.

Por tudo isso, reitero aqui que, até que medidas concretas sejam aprovadas, é possível que o comprador marginal de ações brasileiras fique de fora, à espera de uma entrada mais convidativa.

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