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Marink Martins: o mercado de ações explica boa parte da desigualdade no mundo desenvolvido

20 fev 2020, 13:40 - atualizado em 20 fev 2020, 13:40
Nos dias de hoje, não há por que priorizar a compra de um imóvel em relação a alternativa de investir em ações

Em ano de eleição nos EUA, não há como ignorar um dos principais temas discutidos pelos candidatos a presidência pelo partido democrata: a má distribuição de renda.

Sabe-se que o grupo do 1% mais rico do país não para de ganhar espaço sobre os 90% mais pobre. Uma das principais razões associadas a este fenômeno diz respeito ao fato de que os mais ricos possuem quase 90% das ações em circulação no país, enquanto os mais pobres possuem boa parte de seus recursos presos em financiamentos imobiliários.

Eu, como professor de uma aula eletiva de finanças na Escola Eleva no Rio de Janeiro, vejo tudo isso como uma ótima oportunidade para ensinar os mais jovens a refletir a respeito de como investir para que no futuro seja formada uma poupança que poderá trazer uma maior tranquilidade em suas vidas.

Neste sentido, vale destacar que embora a atual geração viva durante um período de relativa paz, nem sempre foi assim no passado.

Não é à toa que pessoas mais velhas optaram por investir em imóveis como forma de proteção contra períodos de guerra, períodos de inflação elevada, e outras adversidades como planos econômicos esdrúxulos.

Aqueles que tiveram a oportunidade de poupar e incorrer em maiores riscos através do mercado de ações viram seus recursos se valorizarem de forma significativa.

Afinal, viveram durante um período de forte expansão populacional, de ganhos de produtividade, e também, de expansão de múltiplos de preços das ações em relação a seus respectivos lucros/ação.

A juventude de hoje, por um outro lado, encontra um mundo bem diferente. Não se pode mais contar com o bônus demográfico e os governos de hoje encontram-se extremamente endividados.

Além disso, há uma rigidez orçamentária que faz com que muitos se tornem céticos quanto ao mundo de moedas fiduciárias iniciado em 1971 – momento em que os EUA abandonaram o tratado monetário de Bretton Woods. Para piorar, há quem afirme que há uma bolha nos ativos globais; sejam eles de renda variável ou de renda fixa.

Diante das adversidades correntes, não há um caminho trivial sobre como investir de forma mais eficiente. Talvez, mais importante do que achar um caminho em termos de alocação, o melhor seja educar a juventude em termos comportamentais.

Nos dias de hoje, não há por que priorizar a compra de um imóvel em relação a alternativa de investir em ações. Os imóveis, embora se apreciem, vem carregados de diversas despesas que são inexistentes em outras classes de investimentos.

Conceber a possibilidade de viver de aluguel por um período mais longo do que a norma pode ser um passo importante para uma vida mais tranquila.

Pouco se discute por aqui, mas uma das alternativas mais interessantes para aqueles que começam a poupar é o que é conhecido nos EUA como “buying in bulk” – (comprar itens em grandes quantidades). Consegue-se descontos significativos através deste tipo de prática.

Basta ver o sucesso da empresa norte-americana Costco. Por aqui, tivemos o Carrefour comprando 30 lojas da Makro. Este segmento é um que tende a crescer justamente pelo seu apelo junto a consumidores mais conscientes.

De volta a questão da desigualdade, sabe-se que embora este fenômeno esteja associado ao capitalismo, é possível revertermos este processo através de uma melhor educação financeira. Formar pessoas que pensem como empreendedores é um dos caminhos para uma sociedade mais pujante.

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