Marink Martins: o eterno retorno e o mercado de ações
Um dos mais fascinantes conceitos filosóficos é a ideia de eterno retorno – uma reconstrução do mundo de forma que atos se repetissem eternamente. Trata-se de uma ideia antiga que ganhou notoriedade através do trabalho do filósofo alemão Friedrich Nietzsche no século 19.
De forma resumida, Nietzsche nos faz a tenebrosa pergunta:
“E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: “Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes…”
E aí, como seria isso para você? Seria isso uma benção? Ou seria isso uma maldição?
Abordo esta ideia pois um dos assuntos mais discutidos atualmente na mídia internacional diz respeito a algumas semelhanças entre o momento atual das ações americanas e aquele ocorrido durante o fim do milênio e que, posteriormente, ficou conhecido como a bolha do Nasdaq.
Parece haver um consenso de que as principais ações americanas estão caras. Muito se falou nos últimos dias sobre o fato de que o somatório da participação das 5 maiores empresas do índice S&P 500 nunca foi tão elevado na história. Tal participação consolidada já superou aquela registrada em 1999.
Pensando nisso tudo quero aqui te fazer uma pergunta provocativa:
Imagine se tivéssemos uma espécie de eterno retorno nos mercados, como seria a sua reação se você tivesse que reviver, a cada 20 anos, quedas como estas listadas na tabela abaixo?
E se ao invés de Apple, Disney, Boeing (BA) e McDonalds, tivéssemos tais retornos para Itaú (ITUB4),Magazine Luiza (MGLU3), Vale (VALE3), Petrobras (PETR4)?
Como você se comportaria?
Agradeceria o deus dos mercados pela excelente oportunidade para comprar ativos de primeira linha a uma barganha, ou o xingaria e exclamaria: vade retro Satana!!!