Opinião

Marink Martins: Leia isso antes do seu próximo TRADE!

30 set 2021, 11:10 - atualizado em 30 set 2021, 11:10
Mercados
O choque regulatório que está em curso na China deve ser interpretado em meio a um contexto mais abrangente (Imagem: Pixabay/sergeitokmakov)

Boa parte do que vem ocorrendo na China tem a ver com decisões que levam em consideração 3 temas importantes, com ramificações globais:

Acima, a imagem de um evento demográfico que irá transformar a China. Um evento com capacidade de afetar diretamente a inflação global. Se no passado a China contribuiu para um período de abundância (deflação), será que os próximos anos serão de escassez (inflação)?

  1. Uma mudança demográfica perturbadora: descrevo isso no MYCAP Tendências Globais # 163. Foi-se o tempo em que a China precisava crescer seu PIB a taxas superiores a 8% para absorver os mais de 20 milhões de cidadão que migravam do campo para os centros urbanos. A população está envelhecendo de forma mais rápida e o processo de urbanização está mais acelerado. Esses fatores, em conjunto com objetivos claros estabelecidos pelo Partido Comunista Chinês, vão fazer com que a China desacelere! E isso traz repercussões diretas ao Brasil!
  2. Um compromisso agressivo com um processo de descarbonização: a China está se comprometendo com o resto do mundo de que seu consumo máximo de combustíveis fósseis se dará em 2030. Estamos falando aqui daquele que é o maior comprador global de commodities. Esta decisão traz mudanças comportamentais que vão muito além da China. Impacta diretamente os setores de mineração, de petróleo, de metais básicos, de petroquímicos, e outros. E isso traz repercussões diretas ao Brasil!
  3. Um compromisso com uma política de “Covid-Zero”: a China tem pela frente duas datas importantes: em fevereiro de 2022 — a realização das olimpíadas de inverno, e em novembro — a realização do plenário do PCC que deverá indicar Xi Jinping para um terceiro mandato. É pouco provável vermos uma flexibilização da China com relação a este tema no curtíssimo prazo. O PCC está orgulhoso de seu sucesso no combate a Covid.

Em suma, a China vai desacelerar! Este comentário feito aqui é oriundo de uma sessão de perguntas e respostas realizada pela equipe do Dragonomics, capitaneada por Arthur Kroeber, com quem tive a oportunidade de realizar diversas visitas institucionais no eixo RJ-SP.

O choque regulatório que está em curso na China deve ser interpretado em meio a um contexto mais abrangente. Um onde a China tenta atacar suas 3 grandes vulnerabilidades:

  1. A dependência de importação de semicondutores.
  2. A dependência de importação de energia.
  3. A dependência do uso do dólar no comércio global.

Ao ler este material de análise, penso que o embate EUA x China, daqui para frente, poderá seguir um caminho com semelhanças entre o embate entre Keynes versus Hayek (Veja este vídeo). A China não voltará a crescer através da expansão de crédito como fizera logo após a crise financeira de 2008 e após a bolha especulativa local de 2015. A China de Xi Jinping tenderá a se afastar do Keynesianismo. Não quero aqui dizer que a China irá adotar um modelo austríaco. Longe disso. O meu ponto aqui é que algumas decisões necessárias ao combate das 3 vulnerabilidades chinesas exigem um distanciamento do keynesianismo que foi dominante por lá ao longo dos últimos 20 anos.

Neste novo modelo, a busca de empresários por crescimento a qualquer custo (a busca por se tornar “Too Big to Fail”) vai abrir espaço para a valorização de iniciativas mais locais, mais focadas. Este processo será doloroso, não só para os chineses, mas também para o resto do mundo.

E isso traz repercussões diretas aos ativos brasileiros!!!

Para finalizar, precisamos entender melhor o que será esta busca de Xi Jinping pelo que ele chama de “COMMON PROSPERITY”. Por isso, te convido a ficar ligado no MYCAP TENDÊNCIAS GLOBAIS onde irei comentar detalhes deste processo na medida em que esta transição chinesa começa a ganhar forma.

Marink Martins

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