Colunistas

Marink Martins: Desconfiando das ações defensivas

09 maio 2019, 11:11 - atualizado em 09 maio 2019, 11:11

Marink
Em momentos de turbulência nos mercados é comum ouvirmos que há uma maior demanda por ativos em setores considerados defensivos como ações de empresas do setor elétrico

Por Marink Martins, do MyVOL e autor da newsletter Global Pass

Em meio a um cenário internacional que começa a se mostrar mais turbulento é natural que investidores pensem em alternativas de proteção para seu capital. Assim, tenho como objetivo nas linhas abaixo, explorar alguns temas relacionados a proteção que comumente são mal interpretados.

Em momentos de turbulência nos mercados é comum ouvirmos que há uma maior demanda por ativos em setores considerados defensivos como ações de empresas do setor elétrico. Embora eu não tenha dados para o mercado doméstico, me surpreendi ao ler um estudo dos gestores da Crescat Capital, com sede nos EUA, que afirma que, por lá, isso é uma falácia.

Dizem eles que tais ações, chamadas lá fora de “utilities”, ganharam esta fama por performar com baixa correlação com os principais índices. Entretanto, eles complementam que uma análise estatística indica que tal comportamento só é válido em ciclos de alta. Quando os índices começam a cair, a sensibilidade do preço das ações em relação aos movimentos do índice (beta das ações) sobe para 90%.

Em outras palavras, os gestores afirmam que os preços de tais ações tendem a subir menos na alta e a cair em linha com os índices na baixa. O investidor há de convir que isso não é nada convidativo.

O que aqui julgo ser bastante interessante para aqueles mais sintonizados com o dia a dia das bolsas está na compreensão de que as relações tendem a se alterar em momentos em que a aversão a risco cresce. Dizem por aí que na crise as correlações setoriais tendem a 1.

Isso é pura verdade. Na bolsa de Chicago (CBOE) são publicados indicadores de correlação de mercado. O mais comum, o “S&P 500 Implied Correlation Index” mede a expectativa de correlação entre o preço das 50 maiores empresas do índice S&P 500 com o próprio índice. Tal indicador nos mostra que, no auge da crise de 2008, tal correlação deu um salto de aproximadamente 45% para 85%.

Em termos práticos, o que isso quer dizer é que, em mercados “nervosos”, tudo sobe e tudo cai em conjunto. Não há escapatória.

Por tudo isso, nos últimos anos houve uma maior disseminação da estratégia bi-modal, conhecida em inglês como “barbell strategy”. Nesta, o investidor opta por manter boa parte de seus recursos em ativos de baixo risco, e uma pequena parte (de 10% a 25%) em ativos muito arriscados. Nassim Taleb, o autor de A Lógica do Cisne Negro, certamente exerceu enorme contribuição na propagação desta estratégia.

Como um bom leitor da obra de Taleb, concluo este texto afirmando aqui, como praticante, que sou cético quando o assunto é a busca por proteção através da diversificação e da busca por ações pagadoras de dividendos. Trabalhei em uma empresa que “posava” no mercado como grande pagadora de dividendos e que, mais tarde, se mostrou um enorme fiasco.

Agora para finalizar mesmo, rsrs, chamo atenção ao fato de que o VIX, medida associada a expectativa de volatilidade do índice S&P 500, está próximo de 22% – um patamar considerado crítico para o mercado. Por que crítico? Estudos indicam retornos negativos para as semanas subsequentes aos períodos em que o VIX se situou acima de 22%.

Marink Martins

Compartilhar

TwitterWhatsAppLinkedinFacebookTelegram
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar