Marink Martins: Convivendo com o sobe-e-desce das bolsas em fevereiro
Por Marink Martins, do MyVol e autor da newsletter Global Pass
Expresso aqui uma certa preferência por mercados regidos por decisões macroeconômicas em contraposição àqueles regidos por decisões microeconômicas, oriundas do mundo empresarial. Nestes mercados a correlação intersetorial é maior, permitindo com que traders arbitrem o mercado de forma mais eficiente.
E é justamente isso que temos neste exato momento.
Embora o ciclo de divulgação de resultados do quarto trimestre tenha se iniciado no Brasil, o que realmente vem fazendo preço nos mercados é a expectativa com relação a reforma da previdência.
Jair Bolsonaro está pronto para sair do hospital e já sinalizou sua preferência por uma reforma que manterá uma idade mínima diferenciada entre homens e mulheres.
Tal notícia deverá ser digerida hoje pelos mercados em meio a um mercado internacional que exibe um certo otimismo.
Estamos convivendo com um mercado que até o fim deste mês será regido por Washington, Bruxelas, Pequim e (por que não?) Brasília!
De Washington surgem as dúvidas com relação a uma retomada da paralisação do governo americano. Será que os democratas permitirão a utilização de recursos para a construção do muro desejado por Trump? De lá mesmo, através de uma interlocução com Pequim, virão novidades a respeito de um eventual acordo comercial entre EUA e China.
Sabe-se que é pouco provável que um acordo abrangente seja obtido até a data do dia primeiro de março. Mesmo assim, há otimismo quanto a um acordo e uma expectativa de que o pior (aumento das tarifas de importação sobre produtos chineses de 10% para 25%) será evitado.
Uma outra decisão, também oriunda de Washington, poderá impactar Bruxelas em cheio caso a conclusão da investigação sobre a importação de produtos europeus resulte em sanções. A data para conclusão desta investigação é o próximo domingo.
Por enquanto o mercado aparenta conceder o benefício da dúvida às diversas questões apresentadas acima. As bolsas estão subindo e o índice S&P 500 deve se aproximar da sua média móvel de 200 dias que hoje está em 2.743 pontos.
No noticiário da CNBC muito se discute a respeito das expectativas de crescimento da lucratividade das principais empresas americanas. Há quem diga que se tal crescimento for inferior a 5%, os níveis atuais dos índices estariam elevados demais.
Por tudo isso, e não deixando de lado que estamos em uma semana marcada pelo vencimento do futuro do IBOV na B3 e pelo desenrolar do vencimento de opções sobre ações na próxima segunda-feira, é recomendável que o investidor tenha em mente que os mercados ficarão mais voláteis. Aquela fase em que tudo subia ficou para trás e marcou o mês de janeiro. As recentes quedas deram asas a um capital especulativo mais nervoso que não resiste a tentação de embolsar lucros toda vez que o IBOV sobe 1.000 pontos.