Marink Martins: Caminhamos para um FGC global!
Por Marink Martins, do MyVOL e autor da newsletter Global Pass
O que seria dos bancos de médio e pequeno portes brasileiros se não fossem pelas mudanças ocorridas no FGC resultantes da crise financeira global de 2008?
Poucos discordariam que a vida destas instituições seria muito mais difícil.
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Neste sentido, continuo a me debruçar sobre o relatório divulgado pela OECD nesta segunda-feira, 25/2, que fornece diversos detalhes interessantes sobre o endividamento corporativo global. O título do relatório é CORPORATE BOND MARKETS IN A TIME OF UNCONVENTIONAL MONETARY POLICY. (Acesse ao clicar aqui!)
O que observamos neste relatório vai muito além de um aumento expressivo na emissão de dívida corporativa. Nota-se uma contínua deterioração na qualidade dos emissores em conjunto com um enfraquecimento das cláusulas contratuais estabelecidas para proteger os detentores destes títulos (“covenants”).
Assim, um resumo objetivo deste relatório aponta para o seguinte:
– O volume emitido dobrou em comparação com o ano de 2008 e já atinge algo próximo a US$13 trn.
– 1/3 do total emitido vence nos próximos 3 anos.
– Deterioração na qualidade dos títulos emitidos. Como podemos ver no gráfico abaixo, o volume de títulos emitidos de classificação BBB e BB cresceu de forma significativa. Tais títulos estão em uma zona fronteiriça que define o que é grau de investimento do que é de grau especulativo.
Tudo isso (e o relatório tem muito mais…) nos leva a crer que em caso de uma eventual recessão global, o mundo terá que caminhar para algo análogo ao que ocorreu no Brasil, onde instituições como o FGC se tornam vitais para a sobrevivência de instituições menores.
Não é à toa que, em uma recente entrevista, o gestor do fundo Adam Capital, Márcio Appel, se mostrou bem mais preocupado com o cenário do externo do que o doméstico.
Devo confessar que a leitura do relatório da OECD me remete a um momento em 2006 quando eu li a revista Bloomberg Markets cujo título era TOXIC WASTE. Na ocasião a reportagem explorava as vulnerabilidades do mercado “subprime” norte-americano com destaque para os empréstimos concedidos pelo HSBC.
Embora já saibamos o que ocorreu 2 anos após esta data, é importante ressaltar que aquele que se desfez de suas posições em 2006 deixou na mesa uma boa parte do ciclo altista registrado nos meses subsequentes.
Sendo assim, reitero aqui a minha sugestão para que investidores assumam uma postura TÁTICA, fazendo uso de estratégias bi-modais (“barbell strategy”), como aquela descrita por Nassim Taleb que combina ativos em carteira que sejam bem defensivos com ativos bem agressivos.
Além disso, no grande salão de festas que é o mercado acionário, fingindo não querer nada, dispute sempre por um lugar mais próximo da porta de saída.