Coluna da Roberta Scrivano

Mariano García-Valiño: “Usando tecnologia, empresas podem ter funcionários mais saudáveis”

31 ago 2022, 16:29 - atualizado em 31 ago 2022, 16:29

 

Mariano García-Valiño, CEO e fundador da Axenya, é um empreendedor com mais de 25 anos de experiência em biotecnologia, tecnologia médica e saúde digital (Divulgação)

Nos últimos anos, muitos holofotes se voltaram às startups de saúde, conhecidas como “healthtechs”. Se até então o setor relutava em adotar novas tecnologias, o cenário de pandemia forçou a digitalização dos processos: soluções como telemedicina e prescrição digital ganharam força para otimizar o atendimento médico.

A inovação em saúde, porém, pode ir além de aplicativos de teleconsulta, trazendo tecnologia de ponta para o jogo. É o que faz a healthtech Axenya, que oferece uma solução tecnológica completa para a saúde corporativa, cuidando dos funcionários e diminuindo custos para as empresas.

Fundada em 2020, a empresa anunciou recentemente fusão com a HealthCo, criando, assim, o maior ecossistema de saúde digital da América Latina. Mariano García-Valiño, CEO e fundador da Axenya, é um empreendedor com mais de 25 anos de experiência em biotecnologia, tecnologia médica e saúde digital.

Na entrevista a seguir, ele comenta sobre a evolução dos cuidados em saúde e discute a aplicação de tecnologia no setor. Confira:

1 – Como a Axenya consegue reduzir custos de planos de saúde?

A Axenya parte de um princípio básico: quanto mais saudável a população, menores são os custos com a saúde. A partir desta lógica, usamos coleta de dados, inteligência artificial, análises populacionais avançadas, internet das coisas e outras tecnologias de hardware e software com o objetivo de cuidar das pessoas, mantendo-as saudáveis. Intervindo cedo nos casos de doença, é possível diminuir o custo do tratamento e também o sofrimento. Esse cuidado individual personalizado, aliado a uma gestão efetiva da utilização do grupo, baseado em indicadores e ações globais, traz resultados significativos no controle da sinistralidade e consequentemente na estabilidade de custos para as empresas ao longo do tempo. Há muitas maneiras de medir esses resultados. Um estudo clínico publicado em 2021 pela Diabetes Technology, uma das mais prestigiadas revistas médicas do mundo, demonstrou que o serviço da Axenya é capaz de reduzir em 13% o custo de lidar com um paciente com diabetes – além disso, essas mesmas ferramentas digitais reduzem em 14% o risco de infarto, em 15% o risco de AVC e em 20% o risco de morte por diabetes.

2 – Qual é a importância de planos de saúde personalizados, sobretudo em casos de doenças crônicas?

Planos de saúde personalizados são fundamentais para lidar com doenças crônicas. Aproximadamente 80% dos efeitos das doenças crônicas podem ser prevenidos, mas ainda não se consegue antecipar esse cuidado – não por um problema médico, mas sim porque os tratamentos são complexos e não estão adaptados para cada caso. Os pacientes passam hoje menos de 1% do seu tempo anual com um médico, mesmo tendo que frequentemente tomar decisões que afetam a saúde e o bem-estar. Não é preciso fazer essas escolhas sozinho: a tecnologia pode monitorar as variáveis, e sistemas espertos (com humanos em contato remoto) podem ajudar na tomada dessas decisões.

3 – Na sua opinião, empresas estão passando a se preocupar mais com a saúde de seus funcionários? Por quê?

A pandemia é provavelmente a resposta mais óbvia. A pandemia pegou muitos setores despreparados e, subitamente, foi exposta a vulnerabilidade de alguns sistemas. Hoje as pessoas são muito mais cientes de que podem ter problemas de saúde sérios e querem se proteger. As companhias reagem a essa demanda como forma de reter os talentos. Também ficou claro o quanto doenças – particularmente as mentais – podem significar em termos de produtividade. Muitas companhias entenderam que funcionários saudáveis ficam na empresa por mais tempo, produzem mais e custam menos.

4 – O mercado brasileiro de healthtechs ainda está muito restrito a soluções de telemedicina. De que forma tecnologias robustas como inteligência artificial podem transformar o setor?

A Axenya e vários outros especialistas do mercado dividem a evolução da saúde digital em três fases.  A primeira fase, focada em bem-estar, nos trouxe relógios de corrida, monitores cardíacos e outros dispositivos de saúde. Já a segunda fase trouxe melhoras na produtividade da medicina, como soluções de telemedicina – prontuário eletrônico, agendamento on-line e ferramentas de administração de hospitais são outros exemplos.   Estamos começando agora a terceira fase, das terapias digitais.  Essas ferramentas podem efetivamente impactar os resultados clínicos. Essas soluções vão se organizar em ecossistemas digitais, em que poderão ser disponibilizadas de maneira personalizada e sincronizada com tratamentos médicos e medicamentos. Em um estudo recente, a empresa americana Bain and Company afirmou que mais de 80% do valor da saúde digital virá nessa terceira onda. Estamos apenas no início.

5 – Recentemente, a Axenya anunciou fusão com a HealthCo. O que esperar da empresa nesta nova fase?

A Axenya nasceu com o intuito de ser o primeiro ecossistema de saúde digital da América Latina. Para atingir esse objetivo, é fundamental unir dados e ferramentas abrangentes. A HealthCO é uma das empresas líderes do mercado em análise populacional, enquanto a Axenya possui ferramentas de monitoramento remoto, internet das coisas e inteligência artificial. Unindo as duas soluções, temos agora a capacidade de analisar, cuidar, curar e reduzir custos com a maior efetividade comprovada no mercado.

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