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Margens de lucro de frigoríficos dos EUA saltam 300% na pandemia, diz Casa Branca

10 dez 2021, 20:49 - atualizado em 10 dez 2021, 20:49
Carnes
Essas empresas anunciaram recentemente 1 bilhão de dólares em novos dividendos e recompras de ações (Imagem: REUTERS/Phil Noble)

Quatro das maiores empresas de processamento de carne dos Estados Unidos, usando seu poder de mercado para elevar os preços da carne e pagar menos aos produtores, triplicaram suas próprias margens de lucro líquido desde o início da pandemia, afirmaram assessores de economia da Casa Branca.

As demonstrações financeiras das empresas de processamento de carnes – que controlam 55% a 85% do mercado de bovinos, aves e suínos – contradizem as alegações de que o aumento dos preços da carne foi causado por custos de mão-de-obra ou transporte mais elevados, disseram assessores liderados pelo diretor do Conselho Econômico Nacional, Brian Deese, em uma análise publicada no site da Casa Branca nesta sexta-feira.

Autoridades estudaram os balanços financeiros da Tyson Foods, maior empresa de carne dos EUA em vendas; JBS (JBSS3), com sede no Brasil, o maior frigorífico do mundo; a produtora brasileira de carne bovina Marfrig (MRFG3) Global Foods, que detém a maior parte da National Beef; e Seaboard.

Estes reportes mostram um salto coletivo de 120% em seus lucros brutos desde a pandemia e um aumento de 500% na receita líquida, de acordo com a análise.

Essas empresas anunciaram recentemente 1 bilhão de dólares em novos dividendos e recompras de ações, além dos mais de 3 bilhões de dólares que pagaram aos acionistas desde o início da pandemia.

O grupo comercial North American Meat Institute acusou a Casa Branca de “escolher a dedo” os dados.

“Não é por acaso que esta postagem do blog aparece no mesmo dia em que o Índice de Preços ao Consumidor é divulgado, mostrando que os preços da gasolina e da energia subiram quase 60% nos últimos 12 meses, o que é quase 10 vezes a taxa de inflação dos alimentos”, disse a presidente, Julie Anna Potts, em um comunicado.

As margens de lucro – o spread que as empresas estão obtendo além de seus custos – também aumentaram significativamente, desmentindo o argumento de que as empresas estão apenas repassando custos de mão-de-obra e oferta mais altos, informou o levantamento, com margens brutas de até 50% e líquidas de mais de 300%.

“Se os custos crescentes dos insumos estivessem impulsionando os preços da carne, essas margens de lucro seriam praticamente estáveis, porque os preços mais altos seriam compensados ​​pelos custos mais altos”, disse a análise.

As empresas não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.

reuters@moneytimes.com.br