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Marfrig vê consumo maior de carne nos EUA com choque de estímulo

09 mar 2021, 15:45 - atualizado em 09 mar 2021, 15:45
Marfrig
“As pessoas vão fazer mais churrascos, vão ter mais dinheiro para gastar”, disse. “Estamos muito otimistas.” (Imagem: Marfrig/Youtube)

A Marfrig Global Foods (MRFG3) aposta que os americanos vão comer mais carne neste ano em meio à recuperação econômica nos Estados Unidos.

Restaurantes começam a reabrir, e os cheques de estímulo do governo ajudam a aumentar os gastos com comida. Esses fatores, combinados com a grande oferta de gado nos EUA, tendem a elevar as margens na unidade da América do Norte, que responde por 80% do resultado da empresa, disse Tim Klein, CEO da National Beef, quarta maior processadora de carne dos EUA controlada pela Marfrig.

“As pessoas vão fazer mais churrascos, vão ter mais dinheiro para gastar”, disse. “Estamos muito otimistas.”

Produtores de carne suína, bovina e de aves nos EUA devem registrar um ano recorde de produção, e consumidores do país comerão mais carne em 2021 do que em qualquer outro ano, exceto por 2020.

É uma boa notícia para processadoras como a National Beef, que vendeu volumes recordes por dois trimestres seguidos devido à sólida demanda americana por carne bovina, segundo relatório de analistas do Credit Suisse liderados por Victor Saragiotto.

Embora a pandemia de Covid-19 tenha contagiado trabalhadores e interrompido as operações no ano passado, a Marfrig não espera cortes relacionados ao coronavírus daqui em diante. A National Beef planeja vacinar pelo menos 70% de seus 7 mil funcionários, e as imunizações já começaram. Até agora, mais da metade concordou em receber a vacina, disse Klein.

“As estimativas oficiais sugerem que a oferta de gado vai cair apenas um pouco em 2022”, disse Klein. “No primeiro e no segundo trimestres, nossas margens nos EUA devem ficar no mesmo nível ou melhores do que no mesmo período de 2020.”

A vacinação de trabalhadores da indústria de carne começa a se acelerar nos EUA. Alguns funcionários das subsidiárias americanas da JBS já esperam a segunda dose.

A Cargill se prepara para oferecer vacinas a empregados de três unidades de proteína, enquanto a Tyson Foods disse que vai vacinar muitos de seus 13 mil trabalhadores em Iowa esta semana.

No Brasil, onde a compra de vacinas pelo setor privado ainda não é permitida, a Marfrig não espera interrupções de suas operações. “Nossos protocolos de trabalho são muito seguros”, disse o diretor-presidente da Marfrig, Miguel Gularte.

No quarto trimestre de 2020, a Marfrig registrou Ebitda ajustado de R$ 2,1 bilhões, acima da estimativa média de R$ 2 bilhões de analistas consultados pela Bloomberg. As vendas e o lucro líquido também superaram as projeções. O Ebitda da empresa dobrou para R$ 9,6 bilhões em 2020, enquanto o lucro líquido foi recorde.

“Fomos eficientes na compra de gado, no processamento e na comercialização do produto final na América do Norte e na América do Sul”, disse o diretor financeiro da Marfrig, Tang David, na mesma entrevista.

O desafio das operações da Marfrig na América do Sul é o forte aumento do preço do gado.

“As margens no Brasil e na Argentina são muito apertadas”, disse Gularte, acrescentando que o impacto do menor auxílio do governo sobre o consumo ainda é desconhecido.