Marfrig (MRFG3) dispara com impulso de BRF (BRFS3) e dividendos; o que fazer com ações, segundo analistas
A Marfrig (MRFG3) reverteu seu prejuízo de R$ 112 milhões no 3T23 e lucrou R$ 79,1 milhões no terceiro trimestre de 2024 (3T24), enquanto o mercado esperava um prejuízo líquido de R$ 218 milhões. Por volta de 11h22 desta quinta-feira (14), a ação avançava 7,30%.
Segundo o BTG Pactual, a BRF (BRFS3) e os dividendos intercalares de R$ 2,5 bilhões (R$ 2,824256 por ação) “salvaram” os resultados da Marfrig no 3T24. Do valor de R$ 3,9 bilhões do Ebitda consolidado, que cresceu 60,4%, a BRF representou 77%.
“O pagamento anunciado representa um dividend yield impressionante de 18%, algo inesperado, já que comentários anteriores da Marfrig indicavam que os recursos da venda parcial dos ativos de carne bovina da América Latina seriam totalmente usados para pagar dívidas, o que acreditamos que seria a melhor opção com base no valuation implicíto das ações em relação ao valor de sua participação na BRF”, veem Thiago Duarte e Guilherme Guttila.
Para eles, a decisão reflete a visão construtiva da Marfrig em relação aos resultados e fluxos de caixa da BRF no futuro.
Por dentro da operação Marfrig
Olhando apenas para os números individuais da Marfrig, o BTG viu o Ebitda da América do Sul 15% acima de suas estimativas, em R$ 897 milhões, graças a margens e receitas mais altas.
A operação se beneficiou de um preço de gado ainda baixo e de um forte mercado de exportação, entregando um Ebitda de R$ 517 milhões, uma margem de 12% e expansão de capacidade que impulsionou um crescimento de volume de 22% a/a.
“Vemos riscos de que as margens possam estar sob pressão no 4T24, após os custos do gado terem disparado nas últimas semanas no Brasil. Na América do Norte, o Ebitda ficou em linha conosco em R$ 439 milhões, com uma margem de 2,4%”, completam.
Enquanto o valor de mercado da Marfrig é de R$ 14,1 bilhões, a participação na BRF tem um valor de R$ 21 bilhões, com a diferença amplamente explicada pela dívida alocada na controladora.
“Fica claro que o valuation da BRF tem um impacto tremendo no desempenho das ações da Marfrig. Fora isso, as esperanças de um desempenho mais forte dependeriam da capacidade da Marfrig de desalavancar organicamente a holding. Embora os dividendos devam ser comemorados, eles também limitam o potencial de desalavancagem de curto prazo. Permanecemos neutros em Marfrig (preço-alvo de R$ 17) e BRF (preço-alvo de R$25)”, concluem.
E a BRF?
O BTG destaca que a BRF viu outro recorde para margem Ebitda no 3T24, sustentada por um sólido top line e alavancagem operacional, em meio ao bom momento do setor de frango, com um FCF (Fluxo de Caixa Livre) que permitiu o pagamento de R$ 946 milhões em JCP.
“O Ebitda ajustado ficou em R$ 3 bilhões, um pouco melhor do que nossa previsão, com vendas de R$ 15,5 bilhões (+12% a/a, principalmente em preços médios mais altos) e uma margem bruta de 27,7% (a mais alta em nove anos). O desempenho no Brasil roubou a cena, traduzindo em uma margem Ebitda recorde de 16,6% no Brasil e um Ebitda de R$ 1,2 bilhão, 10% acima da nossa previsão”, comentam.
Para o BB Investimentos, o resultado foi positivo, com a companhia vivenciando uma conjuntura favorável de queda nos preços dos grãos e recuperação dos preços das proteínas em diversos destinos de venda.
As ações BRFS3 acumulam alta de 81% em 2024 até ontem (13), refletindo a melhora dos resultados operacionais e a forte geração de caixa apresentada pela companhia, além das perspectivas favoráveis para os próximos trimestres.
“Apesar de considerarmos como sólidos os resultados do 3T24, entendemos que os números apresentados já estão contemplados em nosso modelo financeiro, sobrando pouco espaço de valorização entre o preço corrente e nosso preço-alvo. Por essa razão, optamos por manter a recomendação neutra (preço-alvo de R$ 27 e potencial de alta de 8,3%)”, explica Georgia Jorge.